Brazil
October 20, 2004
A
qualidade da fibra e o controle do bicudo no algodão goiano são
a mola-mestra da terceira edição do evento GOIÁSFIBRA, que
começa quinta-feira, 21 de outubro, no Centro de Convenções de
Goiânia. O evento é realizado por um grupo de 15 entidades que
integram a Cadeia do Algodão Goiano.
Um dos pontos altos do evento será a palestra do engenheiro
têxtil Ruben Guilherme da Fonseca, da
Embrapa Algodão, que fará
uma avaliação técnica da qualidade da fibra que está sendo
produzida em Goiás, consumida pela indústria têxtil nacional,
levando em conta as exigências da indústria nacional e dos
mercados globais.
Fonseca comentará, comparando as características da
matéria-prima produzida nos Estados Unidos às de Goiás, os
levantamentos feitos para a safra 2003/2004, assinalando
aspectos inerentes à fibra goiana que devem ser alvo de
melhorias frente àquela produzida pelo principal exportador do
planeta.
Para o especialista, as informações geradas pelos estudos já
desenvolvidos permitem aos produtores e indústrias ampliar sua
capacidade de competição e fazer mais e melhores negócios, tanto
com os processadores nacionais, quanto com a industria têxtil
mundial.
O algodão goiano leva desvantagem em dois aspectos: comprimento
de fibra e contaminação. Apesar da recente vitória na
Organização Mundial do Comércio (OMC) em relação aos subsídios
agrícolas praticados naquele país, a cotonicultura dos EUA conta
com barreiras tecnológicas, que asseguram seu domínio de
mercado, comenta Ruben Fonseca.
Ele diz que, por outro lado, o algodão produzido em Goiás possui
vantagens que, apesar de serem de alto interesse do ponto de
vista do processamento têxtil, não têm tido um impacto comercial
mais relevante por não serem objeto de prêmios. O índice
micronaire (indicativo do complexo finura / maturidade da fibra)
é um exemplo disso.
O 3º GOIÁSFIBRA é uma boa oportunidade para os interessados no
agronegócio algodoeiro e segmento têxtil estabelecerem contato
com alguns dos melhores especialistas nestas áreas, a exemplo de
Miguel Biegai, da Safras e Mercados; José Edílson, da COTEMINAS;
e João Pedro Cuthi Dias, da Bolsa Mercantil e Futuros.
Do ponto de vista específico da pesquisa agronômica, o evento
abordará questões como a situação atual e as perspectivas no
controle do bicudo através de variedades transgênicas. Esse
assunto será abordado pela pesquisadora Maria Fátima Grossi de
Sá, da Embrapa Biotecnologia e Recursos Genéticos. Noutro
momento, a pesquisadora Maria da Conceição Santana Carvalho, da
Embrapa Algodão, mostra os resultados de uma pesquisa sobre a
"Resposta de variedades de algodoeiro à adubação potássica em
diferentes condições edafoclimáticas do cerrado de Goiás".
Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, os principais responsáveis pela fantástica
expansão da cotonicultura no Centro-Oeste, trazem para os
participantes do evento novas contribuições tecnológicas:
Fernando Mendes Lamas, da Embrapa Agropecuária Oeste, com sede
em Dourados (MS), demonstra a viabilidade dos espaçamentos
reduzidos para o algodoeiro e Camilo de Lelis Morrello, da
Embrapa Algodão, com sede em Campina Grande (PB), analisa o
"Comportamento produtivo e sanitário de linhagens de algodoeiro
desenvolvidas para condições de cerrado".
A cotonicultura, desenvolvida nos últimos quinze anos no Cerrado
brasileiro (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais
e Bahia) já responde por 85% de toda a produção brasileira. Para
2004 há uma previsão de que as exportações de algodão brasileiro
alcancem as 500 mil toneladas.
Esse ano o estado de Goiás viu crescer seu cultivo de algodão em
mais 36 mil hectares e hoje ocupa a terceira maior produção no
ranking nacional com 131,7 mil hectares plantados, devendo
produzir até o final do ano cerca de 272 mil toneladas da pluma.
A explosão da cultura do algodão no Centro-Oeste é conseqüência
de uma junção de fatores, incluindo clima, solos planos, e
empresários empreendedores mas o papel da Embrapa e de seus
parceiros tem sido decisivo para a consolidação da cotonicultura
e para os aumentos de produtividade registrados a cada safra na
região.
O primeiro grande desafio posto aos pesquisadores e produtores
foi identificar e desenvolver variedades de algodão que se
ajustassem às condições de solo e clima do Cerrado. No final da
década de 80, uma parceria da Embrapa com o Grupo Itamarati deu
início a um trabalho de melhoramento genético que resultou na
obtenção da variedade CNPA-ITA 90, cultivada hoje por cerca de
80% dos produtores tecnificados do Cerrado.
A Embrapa lançou, ao todo, vinte e sete cultivares de algodão
nos últimos vinte e cinco anos, que hoje são plantadas em cerca
de 43% da área cultivada no país, principalmente no cerrado dos
Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Bahia, além
dos Estados do Nordeste.
O aumento da produtividade no Cerrado brasileiro está
intimamente ligado ao trabalho de pesquisa desenvolvido graças
às parcerias com as Fundações de Apoio a Pesquisa e a
transferência de tecnologias, criadas e mantidas pelos
produtores, como a Fundação Centro Oeste, Fundação Goiás,
Fundação Bahia e Fundação Chapadão. |