Rio de Janeiro, Brazil
July 5, 2006
Adriana Brendler
Repórter da Agência
Brasil
O Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE) reduziu em 0,92% a estimativa
para a safra nacional de grãos 2005/2006. De acordo com
resultado do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola de
junho, divulgado hoje (5), a expectativa é que a produção de
cereais, leguminosas e oleaginosas no país atinja 118,5 milhões
de toneladas em 2006. A última previsão, feita em maio, indicava
uma safra de 119,7 milhões de toneladas de grãos para este ano.
Esta é a quinta vez consecutiva que o IBGE revisa para baixo a
expectativa da safra. Em janeiro a estimativa era de 126 milhões
de toneladas. Apesar da redução, a estimativa ainda fica 5,29%
acima do resultado obtido em 2005, quando a safra fechou em
112,4 milhões de toneladas.
Segundo o técnico do IBGE, Paulo Renato Corrêa, o resultado do
levantamento atual incluiu tanto a consolidação dos dados sobre
as culturas de verão, que já foram colhidas, como as informações
sobre o plantio das culturas de inverno.
Em relação às culturas de verão como soja, milho e café, a
totalização dos dados revelou resultados abaixo dos esperados
por causa das chuvas no período da colheita, principalmente na
região Centro-Oeste. Também "houve estiagens, embora menos
crítica do que nos anos anteriores, nos períodos de floração e
frutificação, quando a planta mais precisa de água", explicou o
técnico.
No caso das culturas de inverno como trigo, algodão e cevada, a
concretização do plantio ficou aquém do esperado. Conforme
Corrêa, a seca registrada nos meses de abril e maio - período de
implantação da safra de inverno - prejudicou seriamente as
culturas. A maior redução nas expectativas foi observada na
cultura do trigo, principalmente no estado do Paraná, maior
produtor nacional do cereal. Também pioraram os prognósticos
para a colheita de cevada e de aveia.
Além dos problemas climáticos, Corrêa destacou a redução no uso
de tecnologia. Ele explicou que os produtores estavam
descapitalizados por causa das safras de verão ruins nos últimos
dois anos e também em função dos baixos preços dos produtos
(especialmente no caso da soja) e por isso investiram menos.
Para Corrêa, o uso de fertilizantes em menor quantidade e em
concentrações abaixo das recomendadas fez com que as condições
adversas do clima prejudicassem ainda mais as culturas.
De acordo com Corrêa, poucas variações ainda podem ocorrer daqui
para frente nas estimativas para este ano. "Pode haver uma
variação de no máximo de 1,5 milhão de toneladas", avaliou. Isso
porque as culturas de verão já foram colhidas e culturas de
inverno correspondem a menos de 5% da safra.
Ele lembrou que geadas e chuvas de primavera ainda podem atingir
a colheita, especialmente o trigo, e prejudicar as culturas de
inverno, mas considerou que mesmo nesta hipótese, ainda assim, a
safra deste ano será superior a do ano passado.
Dos 25 produtos avaliados pelo IBGE, 14 tiveram aumento na
expectativa de produção para 2006 e 11 com previsão de queda,
comparados com a safra de 2005. Houve crescimento,
principalmente, na estimativa para o feijão segunda safra
(31,87%), milho segunda safra (26,52%) e café (19,99%). São
esperadas reduções na produção de mamona (-31,87%), de trigo
(-22,34%) e de algodão herbáceo (22,85%).
Em relação a área plantada no país, o levantamento do IBGE
registrou redução de 3,82%. São contabilizados para este ano
45,753 milhões de hectares plantados, enquanto, no ano passado,
a área de plantio foi de 45,605 milhões de hectares. |