Rio de Janeiro, Brazil
October 4, 2006
Norma Nery,
Agência Brasil
O pedido de registro da marca do
sistema tecnológico Tomatec e de certificação do primeiro tomate
agroecológico produzido no Brasil, sem resíduo de defensivos
agrícolas, será encaminhado em breve à
Empresa Brasileira de Pesquisa e
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, pela Embrapa Solos/RJ,
unidade da empresa que realizou o estudo.
O pesquisador que liderou o projeto, José Ronaldo Macedo, disse
que o novo produto poderá será oferecido em maior escala aos
consumidores fluminenses a partir de 2007, se outros produtores
aderirem ao novo sistema no plantio que se inicia, como os três
agricultores de São José do Ubá, cidade da região noroeste do
estado, que testaram com êxito a nova tecnologia.
“O produto tem uma aparência muito boa, brilhosa, e os frutos
têm maior resistência. Quanto ao sabor, não existe um trabalho
específico, mas uma garantia a gente tem: esses frutos não têm
resíduos de agrotóxicos”, afirmou Macedo.
O sistema de produção foi concluído no mês de setembro, após
testes de pureza realizados pelo Instituto Nacional de Controle
de Saúde (INCQS) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em amostras
da colheita de São José do Ubá.
A análise não identificou nenhum dos 122 princípios ativos de
agrotóxicos usados no plantio do tomate, que é uma das culturas
mais contaminadas por pesticidas, ao lado da batata, morango e
mamão.
Os agricultores plantaram 12 mil pés de tomate e conseguiram, em
cinco meses, depois uma safra com média de produtividade de 300
caixas para cada mil pés da fruta, nível já considerado escala
comercial.
Macedo disse que o novo sistema de produção resultou de estudos
iniciados em 1994, na cidade de Paty de Alferes, sobre controle
da erosão do solo. O objetivo era fixar o plantio do tomate numa
mesma área e evitar o deslocamento da cultura a cada dois anos,
como ocorre atualmente.
O novo método é realizado com base no manejo integrado de pragas
e no uso do defensivo mais adequado. Primeiro, é feito um
levantamento do nível de dano do solo por pragas e das plantas
infectadas. Depois, um agrônomo da Embrapa analisa e receita o
tipo e a quantidade de defensivo a ser aplicado no terreno.
O plantio direto é feito após essa fase e reúne a irrigação por
gotejamento (fertirrigação) com adubo solúvel, o ensacamento do
fruto e a condução vertical e especial da lavoura que garantiu
menos de 1% de queda da planta, substituindo o sistema antigo de
amarrá-la ao bambu, que não dava sustentabilidade e causava
grande perda da produção. O sistema reduz em 60% o uso de
agrotóxico na lavoura e em 40 % o uso de adubos químicos.
“A gente consegue evitar a erosão, fixando o produtor, fazendo
melhorias no solo, e garante o uso adequado da água nessa
cultura, que é uma das que mais consomem. O gotejamentro tem
eficácia acima de 95% e toda a água aplicada é utilizada pela
planta”, explicou.
Na primeira etapa, os agrônomos da Embrapa prestarão assistência
técnica aos produtores que adotarem o Tomatec. Ainda neste ano,
entretanto, a Embrapa Solos divulgará um manual de produção para
estimular os produtores a criar associações ou cooperativas que
encaminhem o projeto livremente.
Segundo o pesquisador, a certificação do produto vai
possibilitar a criação de um selo verde, como o dos orgânicos,
que estabelece a rastreabilidade do produto com o código de
barras que aponta qual é o produtor, a variedade e o local de
plantação. Macedo informou também que um artigo científico sobre
o Tomatec será publicado pela Fiocruz.
O pesquisador explicou que o novo sistema encarece um pouco o
produto porque a escala de produção ainda é pequena e a proposta
é a de criar um mercado diferenciado para que o produtor tenha
um preço compensatório.
“Espero que o consumidor, ao ver esse tomate na loja, saiba que,
ao pagar um preço diferenciado, está pagando pela preservação
ambiental , que se reverte num produto de qualidade para ele
consumir”, afirmou Macedo.
Source: CropBiotech Update
EMBRAPA produces environmentally friendly tomato
The Brazilian Agricultural Research Corporation (EMBRAPA)
reports on a new production method for tomatoes that results in
fruits with no detectable traces of agro-chemicals. Tomatoes,
together with potatoes, strawberries and papayas, are the crops
most affected by contamination from pesticides.
The new technology, explains José Ronaldo Macedo, leader of the
group that conducted the research, comprises: measures to
prevent soil erosion; integrated pest management practices,
including an initial land survey to determine existing pests
populations to prescribe the right type and amount of
pesticides; and drip irrigation systems to optimize the use of
water. The new technology reduces by 60% the use of pesticides,
and by 40% the use of fertilizers, says Macedo. However, as
currently the scale of production is small, the new technology
is also more expensive. |