São Paulo, Brazil
February 5, 2007
Estimativa faz parte do estudo
da Consultoria Céleres, encomendado pelo
CIB, que levantou dados
inéditos sobre o agribusiness nacional e a situação da
biotecnologia no campo
Não fossem os entraves burocráticos, jurídicos e ideológicos que
imobilizaram o desenvolvimento da pesquisa e a aplicação da
biotecnologia no País, os produtores rurais brasileiros poderiam
ter acumulado benefícios da ordem de US$ 4,6 bilhões na última
década, apenas com a soja geneticamente modificada (GM). A cifra
alcançada até agora com esta cultura não passa de US$ 1,5 bilhão
– um valor considerado expressivo, mas bastante aquém dos
principais concorrentes no mercado global, em particular os
Estados Unidos e a Argentina, que liberaram o plantio e a
comercialização do produto muito antes do Brasil. Vale lembrar
que variedade de soja GM foi adotada no território nacional em
1997, de forma ilegal até 2003, quando foi editada a Medida
Provisória que autorizou o seu plantio e a sua comercialização.
Esta é uma das principais conclusões levantamento inédito
"Benefícios econômicos e ambientais da biotecnologia no Brasil",
encomendado pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia
(CIB) e desenvolvido pela consultoria Céleres, lançado hoje
durante o Show Rural 2007, maior feira de agronegócios do Sul do
País. "A diferença entre o realizado e o potencial, US$ 3,1
bilhões, seria de grande ajuda para o produtor de soja
brasileiro, particularmente nos últimos dois anos, em que o
setor viveu sua pior crise da história recente, além de
beneficiar o Tesouro Nacional, que não necessitaria de um maior
grau de intervenção na crise", avalia o consultor Anderson
Galvão, autor da pesquisa.
De acordo com a Diretora-Executiva do CIB, Alda Lerayer, esses
resultados apontam de maneira irrefutável as perdas que o
agricultor vem acumulando nos últimos anos em razão de questões
que fogem do escopo técnico-científico. "Existe uma necessidade
urgente de mudança no cenário nacional no que diz respeito à
adoção da biotecnologia, pois os entraves que hoje existem no
País somente beneficiam nossos concorrentes diretos no mercado
internacional", avalia a porta-voz do Conselho.
Sistema regulatório X Crescimento
Ao analisar as conseqüências do
atraso na adoção dos transgênicos e os impactos causados na
economia nacional – tomando como exemplo a soja GM, cuja
liberação comercial no Brasil foi aprovada apenas em 2003 –, o
estudo contempla ainda as vantagens que a biotecnologia traria,
do ponto de vista econômico e ambiental, e como esta ciência
pode influenciar as metas de desenvolvimento sustentável, bem
como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado
recentemente pelo Governo Federal.
"Cabe aos agentes envolvidos criar condições para maximizar os
potenciais desta tecnologia", comenta Galvão. "O sistema
regulatório tem que levar em consideração medidas que garantam
aos consumidores o direito de informação, com base em premissas
científicas válidas, porém sempre buscando um equilíbrio que
preserve os benefícios econômicos gerados com impacto social
significativo", diz.
Desde o início da adoção da soja GM, a exportação total do grão
dobrou em volume, mostrando que o crescimento da biotecnologia
não influenciou negativamente o aumento das vendas externas.
"Todas essas informações só confirmam que os agricultores têm a
percepção dos benefícios diretos e indiretos da biotecnologia no
agronegócio, e querem continuar seguindo por este caminho",
comenta Alda Lerayer, Diretora-Executiva do CIB. "Caso contrário
os números estariam na descendente", finaliza.
Milho e algodão
Com base na metodologia usada para
avaliar os benefícios socioeconômicos da soja, o levantamento
esboçou alguns cenários para os produtores de milho e de algodão
na próxima década se a biotecnologia ficar de fora ou for
dificultada. No caso da primeira cultura, os agricultores
deixarão de acumular US$ 6,9 bilhões. Em relação à segunda,
também considerando os próximos dez anos, o agronegócio perderá
a chance de absorver US$ 2,1 bilhões. É importante destacar que,
para o caso do milho e do algodão, é necessário a realização de
novos estudos, à medida que a adoção do milho GM e do algodão se
consolide no Brasil.
"Num momento em que o Brasil tem a oportunidade de se tornar um
importante ator no mercado internacional de milho e consolidar a
sua posição no panorama mundial de algodão, é fundamental que
todas as ferramentas que potencializam a competitividade não
tenham o seu desenvolvimento negligenciado ou obstruído", afirma
Galvão. "Uma vez que o avanço tecnológico e a concorrência são
dinâmicos, é fundamental que a experiência obtida com a soja
sirva para minimizar os problemas na discussão que antecede a
aprovação da biotecnologia", ressalta.
Dados complementares
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De acordo com
o mais recente relatório do Serviço Internacional para a
Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA), o
plantio de transgênicos no Brasil avançou 22%, de 2005 para
2006, chegando à marca de 11,5 milhões de hectares
cultivados. A área cultivada com soja GM cresceu 2
milhões/ha, saltando para 11,4 milhões/ha. O plantio de
algodão GM, legalizado no ano passado, totalizou 120
mil/ha.Desta forma, o País chegou à terceira posição do
ranking mundial de produtores de transgênicos.
-
Segundo estudo
conduzido em 2006 pela consultoria PG Economics, no Reino
Unido, "Impactos Globais das Lavouras GM: Efeitos
Socioeconômicos e Ambientais nos Primeiros Dez Anos de Uso
Comercial", no Brasil o volume de herbicidas usados nas
lavouras brasileiras caiu de 3,06 kg por hectares para 1,44
kg/ha com a adoção da soja transgênica. De acordo com os
economistas Graham Brooks e Peter Barfoot, da PG Economics,
o cultivo de transgênicos, desde 1996, proporcionou uma
redução mundial de mais de 15% nos impactos ambientais
provocados pelo uso de pesticidas, totalizando 224 mil
toneladas a menos na emissão direta de agrotóxicos no meio
ambiente. (http://www.agbioforum.org/v9n3/v9n3a02-brookes.htm).
-
Somam-se a
este resultado a diminuição do uso de combustível nas
lavouras, devido à redução da aplicação do pesticida e,
também, a redução na emissão de gás carbônico pelas lavouras
transgênicas, em conseqüência de sua compatibilidade com o
uso da técnica do plantio direto, que propicia a conservação
do solo. Assim, a redução do uso de agroquímicos, de 1996 a
2005, mais os fatores resultantes combinados proporcionam,
juntos, a diminuição de mais de 9 milhões de toneladas de
emissões de CO2 na atmosfera, o que representa retirar de
circulação todos os carros da cidade de São Paulo durante um
ano.
-
Economicamente, de 1996 a 2005, os agricultores que
cultivaram variedades transgênicas obtiveram um aumento
cumulativo na renda no total de US$ 27 bilhões. Só em 2005,
esses chegaram a US$ 5 bilhões, o que demonstra uma
tendência de alta. A maior parte desses rendimentos tem sido
acumulada por agricultores de países em desenvolvimento que
cultivaram algodão resistente a praga e soja tolerante a
herbicida. No Brasil, em função da adoção da soja tolerante
a herbicidas, esta economia chega a quase US$ 1,4 bilhões.
Sobre a Céleres
Uma equipe com mais de dez anos
de experiência na análise da agricultura brasileira
acompanhando: Cenário econômico agroindustrial; Projetos de
investimentos na área agroindustrial; Biotecnologia; Bioenergia;
Assessoria em negociações empresariais; Foco na análise da
cadeia agroindustrial, com clientes desde a indústria de insumos
até consumidores finais. A consultoria opera com parceiros e
associados nas Américas, Europa e Ásia e conta com equipe de
profissionais diversificada e com inserção internacional.
Sobre o autor Anderson Galvão
Sócio-diretor da Céleres.
Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal de
Uberlândia e pós-graduado em Administração de Empresas (CEAG),
na EASP/FGV. Anteriormente, ele implementou e coordenou o
departamento de agricultura na FNP Consultoria & Comércio de São
Paulo, onde desenvolveu e coordenou diversos estudos e projetos
relacionados à agricultura brasileira. É correspondente para a
América do Sul da Data Transmition Network (www.dtn.com) de
Omaha, Nebraska. Diretor da Câmara de Comércio e Indústria
Brasil-China (Rio de Janeiro). É membro do Serviço Internacional
para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA).
Membro do Conselho Informações sobre Biotecnologia (CIB).
Consultor associado da GV Consult da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo (FGV/EASP).
Sobre o CIB
O Conselho de Informações Sobre
Biotecnologia (CIB) é uma organização não-governamental, cujo
objetivo básico é divulgar informações técnico-científicas sobre
biotecnologia e seus benefícios, aumentando a familiaridade de
todos os setores da sociedade com o tema. Para estabelecer-se
como fonte segura de informações para jornalistas,
pesquisadores, empresas e instituições interessadas em
biotecnologia, o CIB dispõe de um grupo de conselheiros formado
por mais de 70 especialistas – cientistas e profissionais
liberais, em sua maioria – ligados a instituições que estudam as
diferentes áreas dessa ciência.
Source:
Argenbio
Los agricultores brasileños podrían haber ganado 4,6 mil
millones de dólares si hubieran usado variedades transgénicas
La estimación es parte del estudio realizado por la Consultora
Céleres, a pedido del Consejo para la Información de la
Biotecnología de Brasil (CIB), y que ofrece datos inéditos sobre
la situación de los agronegocios y del campo en ese país.
Si no hubiera sido por los
obstáculos burocráticos, legales e ideológicos que inmovilizaron
el desarrollo de la investigación y del uso de la biotecnología
en Brasil, los productores podrían haber acumulado una ganancia
de US$ 4,6 mil millones en la última década, solamente con la
soja genéticamente modificada. En la realidad, y para la soja
transgénica, el número no pasa de los US$ 1,5 mil millones – un
valor significativo, pero bastante menor que el de los
principales competidores en el mercado mundial, especialmente
Estados Unidos y Argentina, que autorizaron su siembra y
comercialización mucho antes que Brasil.
Es importante remarcar que las
variedades transgénicas de soja comenzaron a adoptarse en el
territorio nacional en 1997, aunque legalmente sólo desde 2003,
a partir de la firma de una medida provisoria. Esta es una de
las principales conclusiones que surgen del estudio “Beneficios
Económicos y Ambientales de la Biotecnología en Brasil”,
desarrollado por la Consultora Céleres y a pedido del Consejo
para la Información de la Biotecnología de Brasil (CIB).
El estudio fue presentado hoy
durante la Feria Show Rural 2007, la feria más importante de
agronegocios del sur de Brasil. “La diferencia entre el valor
real y el potencial, unos US$ 3,1 mil millones, podría haber
sido de gran ayuda para los productores de soja brasileños,
especialmente en los últimos dos años, en los que el sector
experimentó la peor crisis de su historia reciente.
Habría ayudado también al Tesoro
Nacional, cuya intervención en la crisis no hubiera sido
necesaria”, señaló el consultor Anderson Galvão, autor de la
investigación. Según la directora ejecutiva del CIB, Alda
Lerayer, los resultados indican, de manera irrefutable, las
pérdidas que los agricultores fueron acumulando en los últimos
años por causas que nada tienen que ver con lo
científico-técnico.
“El escenario nacional requiere
cambios urgentes con respecto a la adopción de la biotecnología,
porque las trabas que hoy tenemos en nuestro país sólo
benefician a nuestros competidores directos en los mercados
internacionales”, explicó la vocera del Consejo. Analizando las
consecuencias del atraso en la adopción de los transgénicos y su
impacto en la economía nacional, el estudio también se focaliza
en los beneficios económicos y ambientales que la biotecnología
podría haber tenido, y cómo esta tecnología podría haber ayudado
a alcanzar objetivos de desarrollo sustentable, como los del
Programa de Aceleración del Crecimiento (PAC), recientemente
lanzado por el Gobierno Federal.
“Depende de los funcionarios
involucrados crear las condiciones para maximizar el potencial
de esta tecnología”, comentó Galvão. “El sistema regulatorio
debe tener en cuenta el derecho del consumidor a estar
informado, basado en premisas científicas válidas, y teniendo
siempre en mente los beneficios económicos y sociales de las
tecnologías”, señaló. Desde los inicios de la adopción de la
soja transgénica, las exportaciones totales de este grano se han
duplicado, mostrando que el desarrollo de la biotecnología no ha
afectado negativamente el comercio exterior.
“Los datos sólo confirman que los
productores tienen la percepción de los beneficios directos e
indirectos de la biotecnología en los agronegocios, y quieren
continuar en este camino”, expresó Alda Lerayer. “Sino fuera
así, la adopción iría disminuyendo”, explicó. Usando la misma
metodología empleada para evaluar los beneficios socioeconómicos
de la soja, el estudio esbozó algunos escenarios para los
productores de maíz y de algodón en la próxima década, en el
caso en que el desarrollo y adopción de la biotecnología fueran
obstaculizados.
En el caso del maíz, los
agricultores dejarían de ganar US$ 6,9 mil millones, y en el
caso del algodón, el agronegocio perdería la oportunidad de
absorber unos US$ 2,1 mil millones. Es importante destacar que,
para el caso del maíz y del algodón, se necesitarán nuevos
estudios, a medida que la adopción de estos cultivos
transgénicos se consolide en Brasil.
“En el momento en que Brasil tiene
la oportunidad de transformarse en un actor importante en el
mercado internacional de maíz y consolidar su posición en el
panorama mundial de algodón, es fundamental que el desarrollo de
las herramientas que potencian la competitividad no se vea
obstaculizado”, afirmó Galvão. |