Brazil
February 8, 2007
A Embrapa Cerrados – unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento- irá coordenar a pesquisa
“Validação do potencial antimicrobiano de proteínas de defesa
vegetal contra fungos patogênicos de soja e algodoeiro”. O
projeto será desenvolvido sob a liderança da pesquisadora
Marilia Santos Silva e terá como parceiras as unidades Embrapa
Soja e Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
A pesquisa abrirá perspectivas para o controle de fungos em soja
e algodoeiro. Dentre as doenças de plantas, as fúngicas são as
que causam maiores perdas agronômicas e econômicas no Brasil e
no mundo. No algodoeiro, destacam-se as grandes perdas de
produção resultantes de infecção pelos fungos causadores da
ramulose (Colletotrichum gossypii var. cephalosporioides) e
ramulária (Ramularia areola). Na soja, grandes perdas são
provocadas pela ferrugem asiática (Phakopsora pachyrhizi),
podridão branca da haste da soja (Sclerotinia sclerotiorum) e
podridão vermelha da raiz ou síndrome da morte súbita da soja
(Fusarium solani f. sp. glycines ou Fusarium tucumaniae).
Como ainda não existem variedades de elevado potencial
agronômico com resistência durável a essas doenças, elas se
tornam limitantes na maioria das regiões produtoras do Brasil.
Dada a importância econômica e a dificuldade de controle
satisfatório pela aplicação de fungicidas, os fungos que
provocam essas doenças foram selecionados para a pesquisa.
Ataques de patógenos
A pesquisadora Marilia Silva explica que para defender-se de
ataques de patógenos, as plantas produzem proteínas
antimicrobianas de defesa denominadas defensinas e osmotinas.
São justamente essas duas classes de proteínas antifúngicas que
terão suas atividades antimicrobianas testadas contra os
referidos fungos. Os genes de defensinas e osmotinas vegetais já
estão isolados e seqüenciados. Estão disponíveis oito genes de
defensinas provenientes de girassol, ervilha e café e 14 genes
de osmotinas da invasora maria pretinha, de jiló e café. Esses
genes serão clonados e expressos em vetor de levedura. As
proteínas expressas em levedura serão purificadas e usadas em
bioensaios contra os fungos que provocam as doenças em soja e
algodoeiro.
A expectativa da pesquisadora é selecionar pelo menos dois genes
de defensinas e dois de osmotinas testadas contra os cinco
fungos. Os genes poderão ser eventualmente usados em transgenia
de algodoeiro e soja, para geração de resistência genética a
essas doenças fúngicas. Isto poderá levar a uma diminuição do
uso de fungicidas químicos e conseqüentemente contribuirá para a
maior sustentabilidade econômica e ambiental da produção de soja
e algodoeiro e menores riscos a saúde de trabalhadores rurais.
Os genes antifúngicos identificados durante a execução do
projeto, que tem duração de dois anos, ainda poderão ser
eventualmente testados contra patógenos relevantes de cana,
milho, maracujá, feijão, dentre outras culturas agronomicamente
importantes para as quais já existam técnicas estabelecidas de
transgenia. Marilia Silva ressalta que o fato das defensinas e
osmotinas usadas serem de origem vegetal representa uma vantagem
de biossegurança na transgenia. Os clones em levedura de
defensinas e osmotinas são também um legado instrumental
importante deste projeto, pois poderão ser usados em pesquisa
básica para desvendar os mecanismos de ação ainda obscuros
destas proteínas antifúngicas. |