Brazil
July 3, 2007
Submetida a cultivos em áreas de
sequeiro ou sob irrigação no sertão nordestino, a “BRS Pujante”
surpreende pela produtividade sem adubações: 705 kg/ha e 1586
kg/ha, respectivamente. São quantidades que superam às obtidas
por variedades de cultivos tradicionais na região. "A habilidade
para alcançar boas safras em situações agrícolas tão diversas
torna a variedade uma importante inovação técnica para a cadeia
produtiva do feijão-caupi no Vale do rio São Francisco", afirma
o pesquisador Carlos Antonio Fernandes Santos, da Embrapa
Semi-Árido (Petrolina-PE). Unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
No Dicionário Houaiss, a palavra significa robusto, exuberante,
bem desenvolvido. Para Carlos Antonio são as qualidades
expressas na variedade. Além de boas safras de grãos, ela
apresenta resistência às principais viroses que atacam a
cultura. Em 10 ensaios de competição realizados entre 2004 e
2005 nas áreas de sequeiro (6) e de irrigação (4), não foi
observado sintomas de campo à virose mosaico dourado e apenas
uma pequena incidência às viroses mosaico severo e do grupo
Potyvirus, explica animado.
Bom na panela – Esse feijão ainda tem um ciclo rápido de
produção: vai do plantio à primeira safra de grãos seco em
apenas 70 dias. "Para a agricultura dependente de chuva, a
rapidez com que a planta chega ao ponto de colheita é uma grande
vantagem tecnológica para os sistemas agrícola de pequenos
produtores", revela o pesquisador. Estes atributos da variedade
no campo são arrematados com a qualidade do grão para cozimento
e uso na culinária das famílias de agricultores. "É um feijão
que rende muito na panela", explica o pesquisador.
O cultivo do BRS Pujante exige dos agricultores alguns cuidados
especiais embora simples. Adubações, por exemplo, não são
recomendadas. Segundo Carlos Antonio, elas podem levar a planta
a um grande crescimento de folhas e prejudicar a produção de
grãos. Por outro lado, na área plantada é preciso realizar um
controle eficiente de ervas daninhas e com a aplicação adequada
de insumos químicos: vinte dias após a emergência, para controle
do pulgão, e outra no período da floração, para impedir a
infestação do gorgulho.
Previsibilidade – A BRS Pujante tem o que os técnicos chamam de
ampla adaptação e previsibilidade. Ou seja: pode ser empregada
em variadas situações agrícolas (sequeiro e irrigada) e responde
de maneira positiva ao uso intensivo de recursos tecnológicos.
Por conta disto, é indicada para consórcio com fruteiras
irrigadas na fase inicial de estabelecimento do pomar.
A variedade é resultado de pesquisas de melhoramento genético
iniciadas em 1995 e coordenadas pelo pesquisador Carlos Antonio.
A partir do cruzamento de uma linhagem de feijão caupi (TE
90-180-26F) procedente da Embrapa Meio Norte (Teresina-PI), com
a cultivar Epace 10 – desenvolvida na instituição de pesquisa do
Ceará, ele obteve um material que, muitos cruzamentos e seleções
de características interessantes aos agricultores depois, chegou
à “Pujante”. A cada teste, Carlos Antonio explica que eram
separados os grãos das plantas que mostravam tolerância ao calor
nos meses de setembro a novembro, bom tamanho dos grãos e da
vagem e produção em área de sequeiro e irrigada.
O feijão-caupi (Vigna unguiculata L.), também conhecido como
feijão-macassar ou feijão-de-corda, é uma excelente fonte de
proteínas (23-25% em média) e carboidratos (62%, em média) para
a população das áreas secas do Nordeste. Segundo explica o
pesquisador, plantado em uma área de 1.600.000 hectares no
Nordeste, que produzem cerca de 550 mil toneladas por ano, a
cultura do caupi é importante fonte de renda e de emprego nessa
região.
A variedade foi registrada junto ao Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – MAPA. As sementes básicas poderão ser
adquiridas em breve no Escritório de Petrolina da Embrapa
Transferência de Tecnologia. |
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