Brazil
November 14, 2007
Pesquisadores da
Embrapa Arroz e Feijão
(Santo Antônio de Goiás/GO) avaliaram 121 acessos de feijão para
identificar aqueles com maiores teores de ferro e zinco e
adequados para cultivo em regiões semi-áridas.
Encontraram genótipos com teores de ferro e zinco bem acima da
média das cultivares convencionais. No entanto, a baixa
produtividade e a falta de adaptação ao clima seco ainda são
desafios para o melhoramento genético.
A iniciativa faz parte dos Programas HarvestPlus e AgroSalud
para biofortificação de alimentos com ferro, zinco e
pró-vitamina A, cuja coordenação no Brasil é da Embrapa
Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).
O resultado foi apresentado no 2º Encontro Anual de
Biofortificação de Alimentos, em Niterói (RJ), que termina nesta
quarta-feira (14 ). De acordo com a pesquisadora Maria José
Peloso, da Embrapa Arroz e Feijão, 3 genótipos de feijão
apresentaram teores de ferro acima de 90 mg/kg (90 ppm). No
tocante a zinco, outros 7 genótipos têm teores acima de 50 mg/Kg
(50 ppm). Em cultivares convencionais, essas taxas ficam em
torno de 60 mg/Kg e e 35 mg/kg, respectivamente.
Os genótipos superiores foram selecionados a partir de
variedades crioulas e melhoradas e de coleções de outros centros
de pesquisa como o Centro Internacional de Agricultura Tropical
(CIAT), na Colômbia. Nos testes de campo, os genótipos sob
irrigação renderam até 2 toneladas por hectare.
Mas em condições de clima seco, a média não passou de 500 kg/ha.
Uma cultivar melhorada e adaptada à regiao semi-árida, produz
até 3 vezes mais, cerca de 1,5 ton/hectare.
A cultivar enriquecida com ferro e zinco para o semi-árido daria
resposta ao déficit nutricional das populações mais pobres dessa
região que têm a saúde e o pleno desenvolvimento comprometios
pela carência de micronutrientes. “Mas o desempenho nutricional
precisa ser acompanhado do agronômico para conquistar os
pequenos produtores. E isto ainda não temos”, explicou Maria
José.
A mesma problemática encontra-se no Paquistão e na Índia onde
pesquisadores do Centro Internacional de Mejoramiento de Maíz y
Trigo (CIMMYT), ligados ao HarvestPlus Ásia, trabalham na
biofortificação do
trigo. Apesar de já terem cultivares mais nutritivas, a baixa
produtividade não conquista os produtores.
Nos dois casos, a saída é continuar investindo em melhoramento
genético com equipes multidisciplinares. A Embrapa Arroz e
Feijão trabalha com o CIAT e outras 3 unidades da Embrapa
(Agroindústria de Alimentos, Semi-Árido e Tabuleiros Costeiros).
A solução para o problema ainda demanda tempo e investimento.
Serviço
HarvestPlus: rede de
instituições de pesquisa, que atua na América Latina, Ásia,
África para melhorar a qualidade dos alimentos. A Embrapa
Agroindústria de Alimentos coordena as atividades na América
Latina e África. A Fundação Bill e Melinda Gates e o Banco
Mundial, entre outros, investem mais de US$ 50 milhões no
programa.
AgroSalud: consórcio de
instituições com o mesmo propósito mas com foco na América
Latina e Caribe. Fazem parte do consórcio o Centro Internacional
de Agricultura Tropical (CIAT), o Centro Internacional de
Mejoramiento de Maíz y Trigo (CIMMYT), o Centro Internacional de
la Papa (CIP), o Consórcio Latinoamericano y del Caribe de Apoyo
a la Investigación y al Desarrollo de la Yuca (CLAYUCA) e a
Embrapa. A Canadian International Development Agency (CIDA) é a
principal fonte financiadora do AgroSalud.
Outras informações:
Pesquisadora Marília Regini Nutti (marilia@ctaa.embrapa.br)
Embrapa Agroindústria de Alimentos
(21) 2410 9555 ou 9141 6777
Pesquisadora Maria José Peloso (mjpeloso@cnpaf.embrapa.br)
Embrapa Arroz e Feijão
(62) 3533-2158 |
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