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Ganho ilusório: soja pirata pode resultar em prejuízo ao produtor

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Brazil
November 26, 2007

O ganho financeiro com a compra de semente de soja ilegal na última safra foi inferior a R$ 5,00. A vantagem com o produto do contrabando se transformou em prejuízo com a queda no rendimento e a introdução de doenças nas lavouras brasileiras. O cenário da soja pirata na Região Sul foi o principal assunto durante a XXVI Reunião da Comissão de Sementes e Mudas do Paraná, que aconteceu de 19 a 22/11, em Foz do Iguaçu.

A semente pirata começou a entrar no Brasil na safra 1997/1998, com o contrabando de soja argentina no Rio Grande do Sul. Na seqüência, em função de entraveis legais com a biotecnologia e frustrações climáticas, veio a falta de sementes certificadas, levando o Governo Federal a decretar medidas provisórias – em 2005 e 2006 - liberando o plantio de sementes pirateadas.

No Rio Grande do Sul, onde a taxa de utilização de semente certificada passou de 70% para 5%, o rendimento médio das lavouras apresenta, hoje, o menor índice de produtividade do país. A diferença de produtividade média entre o Mato Grosso (3.000 kg/ha), que lidera a utilização de semente certificada, e o Rio Grande do Sul (2.100kg/ha), chega a 30%. No Paraná, a queda foi de 85% para 50%, números que, segundo o presidente da Comissão de Sementes e Mudas do PR, Scylla Cezar Peixoto Filho, mostram a participação dos produtores de sementes na formalização de denúncias que servem de orientação à fiscalização do governo no estado. “Não apenas os estados isoladamente, mas todos os elos do agronegócio estão sendo influenciados pela ilegalidade. Acredita-se que o Brasil está perdendo 20% do total produzido a cada safra, assim, a safra brasileira poderia ser de 160 milhões de toneladas e não apenas 130 milhões”, avalia Scylla.

De acordo com a análise da Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem), a diferença entre a compra da semente certificada e a semente pirata correspondeu a apenas R$1,00 por hectare a menos para a semente pirata, valor irrisório quando considerados queda no rendimento e incidência de doenças na semente clandestina não adaptada. Conforme o estudo, uma saca de 50kg de semente certificada representa R$ 50,00 dos custos totais de plantio de um hectare de soja (R$1.308,43). Para o plantio do mesmo hectare com semente pirateada são necessários 60kg (volume maior para compensar perdas na germinação) a um custo de R$ 45,00.

Muito além da questão financeira, os participantes da Reunião alertam para os riscos fitossanitários do contrabando de material genético vegetal sem origem definida, como a identificação, nesta safra, de uma nova raça d cancro da haste, doença que na soja e, provavelmente, foi introduzida no Brasil pela pirataria. “O produtor que compra semente pirata não sabe de quem está comprando e não tem para quem reclamar ou pedir ajuda”, lembra o presidente da Coodetec (empresa de pesquisa e produção de sementes), Ivo Marcos Carraro. Ele ressalta que, com a ilegalidade no setor de sementes, “a pesquisa pública reduz os investimentos em pesquisa, a empresa privada muda o ramo do negócio e o produtor leva o maior prejuízo”.

Para a representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Ariete Folle, a fiscalização está cercando cada vez mais as ações de pirataria de sementes: “a apreensão de soja ilegal para o plantio no Paraná passou de 142 mil sacas, em 2006, para 238 mil sacas, até agosto 2007. Isto mostra a determinação do MAPA em coibir a pirataria de semente”. O esforço do órgão fiscalizador é reconhecido pelo presidente da Comissão de Sementes e Mudas do PR, Scylla Cezar Peixoto Filho, que reafirma a importância da participação dos produtores de sementes na formalização de denúncias que servem de orientação ao MAPA.

Ainda longe da conscientização, o “medo de ser autuado pelo fiscal” é o principal motivo para os produtores não usarem as sementes piratas para a implantação das lavouras. A idéia é do representante da Fundação Meridional, João Rafael Azambuja. Segundo ele, com a pressão da fiscalização, a situação do mercado de sementes começou a mudar: “tanto que, nesta safra, os nossos sementeiros comercializaram toda a sua produção. Parece que a normalidade volta a valer na produção de semente da soja brasileira”.

Para o pesquisador da Embrapa Transferência de Tecnologia, Luiz Carlos Miranda, cabe à Embrapa - como um elo da cadeia produtiva - a geração de tecnologias que atendam as demandas dos agricultores, tais como cultivares adaptadas com altos rendimentos e resistência às principais doenças. Miranda destaca ainda que para desenvolvimento do agronegócio da soja é preciso que cada elo da cadeia produtiva funcione, de forma harmoniosa: “posicionando a pesquisa, a produção, a fiscalização e a indústria, não como concorrentes, mas sim como uma corrente capaz de unir esforços e obter resultados positivos para todos”.

Embrapa Soja
Jornalista: Joseani Antunes

 

 

 

 

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