Brazil
October 3, 2007
O que o algodão, o milho, o
tomate, o arroz e a soja têm em comum? “Todas são culturas que
emitem substâncias voláteis que atraem os inimigos naturais das
pragas que se alimentam delas”, explica o pesquisador José
Maurício Bento, da Escola Superior de Agricultura Luis de
Queiroz (Esalq), que apresentou palestra, nesta terça-feira
(02/10), durante o 5º Encontro Brasileiro de Ecologia Química,
que está sendo promovido pela
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa Soja,
em Londrina, PR.
Segundo Bento, as pesquisas mundiais que estudam as respostas
das plantas ao ataque de insetos podem trazer importantes
contribuições para pesquisas nas áreas de resistência a insetos.
“É um campo da ciência relativamente novo. Os países que estão
na frente começaram a obter os primeiros resultados na década de
90. No Brasil, os principais grupos de pesquisa começaram a
atuar principalmente a partir do ano 2000”, revela.
O pesquisador mostrou que a interação planta-inseto é bastante
complexa. “Os organismos vivos emitem sinais bastante
sofisticados. Há respostas químicas entre as plantas e os
insetos. Também há comprovações de sinais entre plantas vizinhas
e até entre plantas de outras famílias, em respostas ao ataque
de pragas”, explica.
As raízes de algumas plantas, por exemplo, quando sofrem o
ataque de larvas, como a da vaquinha (praga comum no milho,
entre outras culturas), emitem substâncias que atraem nematóides
benéficos, que se alimentam da larva.
Segundo o pesquisador, essas informações são um “grande trunfo”
nas mãos dos cientistas, que podem trabalhar para melhorar os
mecanismos de defesa das plantas, por meio de melhoramento
genético, além das técnicas de manejo, de monitoramento de
pragas e desenvolvimento de alternativas de controle biológico”,
destaca.
Sobre a Ecologia química
Ao longo da evolução, as plantas e os animais desenvolveram
sistemas de defesa e de comunicação a partir da emissão de
substâncias químicas. São essas substâncias que fazem com que os
organismos vivos apresentem uma determinada característica. Seu
estudo - chamado de ecologia química - permite aos cientistas
avanços em diferentes áreas do conhecimento, como a agricultura,
saúde pública biologia marinha e sustentabilidade ambiental.
Muitos desses resultados estão sendo apresentados em Londrina,
PR, de 1 a 4 de outubro, durante o 5º Encontro Brasileiro de
Ecologia Química.
Entre as novidades, estão observações que permitiram aos
pesquisadores descobrir, por exemplo, que a planta da soja,
aumenta o teor de isoflavona, quando é danificada pelo
percevejo; que o mosquito vetor da
Leishmaniose sente-se atraído por substâncias voláteis
produzidas pelo homem e pelas fêmeas do próprio inseto, abrindo
perspectivas de desenvolvimento de novas formas de controle do
inseto e que o sistema de defesa químico dos anfíbios possui um
alto potencial antibiótico.
"É uma área do conhecimento relativamente nova. A partir dessas
descobertas, podemos desenvolver alternativas importantes tanto
agricultura quanto na saúde humana e também na manutenção da
biodiversidade", destaca. Clara Beatriz Hoffmann Campo,
presidente do evento e pesquisadora da Embrapa Soja.
Local – O evento está sendo realizado no Hotel Blue Tree Premium |
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