Brazil
October, 2007
Durante o metabolismo, as plantas
produzem e liberam substâncias secundárias (os aleloquímicos),
que podem interferir no crescimento e no desenvolvimento de
outras plantas que se encontram próximas. Esse fenômeno é
chamado de alelopatia, e pode ser benéfico para agricultura
quando interfere negativamente no estabelecimento e no
crescimento de plantas daninhas, mas, por outro lado, pode
causar problemas quando afeta culturas comerciais.
O pesquisador Pedro Luís Alves, da Universidade Estadual
Paulista, é um dos estudiosos do tema e vem avaliando, nos
últimos anos, o efeito inibitório do girassol no crescimento de
plantas daninhas. Ele apresentou os resultados de suas pesquisas
durante o 5º Encontro de Ecologia Química, evento que a
Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária - Embrapa Soja, vinculada ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, está
promovendo em Londrina, Paraná, e termina nesta quinta-feira
(4/10).
"Normalmente, as plantas sob estresse biótico, como a
competição, por exemplo, produzem os aleloquímicos para se
defender. Contudo, há a hipótese de que mesmo antes de sentir o
efeito do estresse, as plantas já se preparam para se defender."
explica. As plantas apresentam fitocromos, que são sensores de
luz capazes de influenciar no metabolismo. É como se a planta
fosse "avisada" fisicamente que algo diferente está acontecendo
no ambiente, a partir do espectro luminoso (tipo de luz) a que
ela está sendo exposta. Isso desencadeia reações diferentes no
seu organismo", complementa.
No girassol, por exemplo, há estudos que indicam que quando há
predomínio de luz amarela a planta sofre uma mudança na
composição do aleloquímicos, tornando-a mais agressiva. De forma
semelhante, quando exposta a alterações na relação
vermelho/vermelho distante do espectro luminoso, a planta reage
acelerando o metabolismo de forma a se resguardar para uma
eventual competição com outra planta. Com essas informações em
mãos, o pesquisador avaliou 42 cultivares de girassol e
descobriu que uma planta normal apresenta um potencial de 40% de
inibição do crescimento de outras plantas e que, submetidas à
exposição à luz amarela ou diminuindo a relação
vermelho/vermelho distante, essa inibição aumenta para 50% a
70%.
As substâncias inibidoras de crescimento são produzidas nas
folhas e abrem a possibilidade de um melhor aproveitamento da
planta de girassol. "Além das sementes, as folhas também podem
ser aproveitadas comercialmente. É um comportamento diferenciado
que pode dar origem a herbicidas naturais, a novas fórmulas
sintéticas, além de subsidiar as pesquisas com melhoramento
genético da cultura".
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Natural herbicide
from sunflower leaves |
During metabolism, plants
produce and liberate by-products
that could be phytotoxic, and
can prevent the growth of other
plants close to them. Known as
allelopathy, this chemical
process is used by certain
species to minimize competition
for resources like nutrients and
water with nearby plants.
Researchers from the Sao Paulo
State University are taking
advantage of this phenomenon to
produce natural herbicides.
Led by Peter Luis Alves, the
researchers demonstrated the
inhibitory effect of sunflower
in the growth of harmful weeds.
The group found out that light
signals the production of the
phytotoxic molecules. In
sunflower, exposure to yellow
light causes significant
increase in the production of
the secondary metabolites,
mostly phenolic compounds.
Scientists are now exploiting
the possibility of extracting
natural herbicides from
sunflower leaves. If the
compounds responsible for
allelopathy will be identified,
synthetic compounds may also be
produced for large-scale
preparations.
Source:
CropBiotech Update |
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