Brasília, Brasil
July 4, 2008
Material genético da Embrapa
deve ser enviado ainda este ano.
A Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária – Embrapa e o Real Ministério de Agricultura e
Alimentação da Noruega assinaram no dia 1º de julho de 2008
acordo de cooperação que garante o depósito de sementes da
Embrapa no Banco Global de Sementes de Svalbard, situado na
cidade de Longyearbyen. Serão enviadas primeiramente sementes de
arroz, feijão e milho que compõem as coleções genéticas de três
unidades de pesquisa da Embrapa: Recursos Genéticos e
Biotecnologia; Arroz e Feijão (GO) e Milho e Sorgo (MG).
A escolha dessas três culturas atende a uma das recomendações do
Banco quanto à relevância para a segurança alimentar e
agricultura sustentável. O chefe-geral da Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, acredita que essa
primeira remessa seja enviada à Noruega até o final deste ano.
“As sementes estão sendo selecionadas nas três Unidades da
Embrapa para atender às exigências do acordo, segundo o qual não
pode haver amostras repetidas no banco norueguês, entre outras.
Depois, passarão por testes de sanidade para garantir que estão
livres de doenças e insetos e de viabilidade, pois têm que
manter a capacidade de germinação por, pelo menos, dez anos.
Finalmente, serão replicadas, embaladas e encaminhadas a
Svalbard”, explica.
O banco genético da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia é
hoje o maior do Brasil e conta com mais de 100 mil amostras de
sementes de cerca de 400 espécies agrícolas de importância
sócio-econômica. Apesar das condições estáveis desse banco, onde
as sementes ficam conservadas a 20ºC abaixo de zero, o envio de
amostras para Svalbard é mais uma garantia de segurança, já que
o banco nórdico é o mais seguro do mundo em termos físicos e
ambientais. Além de estar situado dentro de uma montanha na
cidade de Longyearbyen foi construído com total segurança para
resistir a catástrofes climáticas (enchentes terremotos,
aquecimento gradual, etc.) e até mesmo a uma explosão nuclear.
O acordo prevê cooperação contínua entre as duas instituições e,
por isso, “futuramente, sementes de outras espécies serão
enviadas ao Banco Global”, como explica Cabral, lembrando que a
prioridade será a mesma, ou seja, sementes de importância para a
alimentação da população brasileira.
O novo banco de sementes
A caixa forte norueguesa tem capacidade para quatro milhões e
quinhentas mil amostras de sementes. O conjunto arquitetônico
conta com três câmaras de segurança máxima situadas ao final de
um túnel de 125 metros dentro de uma montanha em uma pequena
ilha do arquipélago de Svalbard.
As sementes são armazenadas a 18ºC abaixo de zero em embalagens
hermeticamente fechadas, guardadas em caixas armazenadas em
prateleiras. O depósito está rodeado pelo clima glacial do
Ártico, o que assegura as baixas temperaturas, mesmo se houver
falha no suprimento de energia elétrica. As baixas temperatura e
umidade garantem a baixa atividade metabólica, mantendo a
viabilidade das sementes por um milênio ou mais.
Importância da conservação de sementes
Para ilustrar a importância da conservação de sementes a longo
prazo, o banco genético da Embrapa já ajudou no enriquecimento
alimentar de povos indígenas e pequenos agricultores no Brasil.
Das câmaras geladas de conservação saíram, por exemplo, sementes
de milho e amendoim que foram entregues ao povo indígena Krahô,
no Tocantins, em 1995. Eles não tinham mais as sementes
primitivas e não estavam se adaptando às variedades comerciais.
Essa interação levou a uma parceria de sucesso que se mantém até
hoje.
Da mesma forma, no início dos anos 2000, pequenos agricultores
de Alto Paraíso, em Goiás, procuraram a Embrapa em busca de
sementes de uma variedade de trigo altamente produtiva à região
e que já havia desaparecido. As sementes de trigo veadeiro foram
multiplicadas, doadas ao grupo e hoje já são amplamente
plantadas por produtores locais.
Fernanda Diniz, Jornalista
Embrapa Recursos
Genéticos e Biotecnologia |
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