Brazil
May 29, 2008
A
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa),
vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento,
assinou na última semana convênio com a Fundação Triângulo de
Pesquisa e Desenvolvimento (MG) para o desenvolvimento de
variedades e híbridos de milho e sorgo. Num momento em que a
crise global de alimentos ganha destaque no mundo, a parceria
deverá aumentar a presença da empresa no mercado de grãos e
fortalecer a indústria brasileira de sementes.
A expectativa é de José Roberto Rodrigues Peres, gerente-geral
da Embrapa Transferência de Tecnologia, unidade responsável por
coordenar a área de negócios da empresa. Segundo ele, a Embrapa
já detém mais de 90% das variedades de milho utilizadas pela
agricultura familiar e, a partir do acordo firmado, pretende
dobrar a participação no mercado de híbridos em médio prazo.
Altos e contínuos aportes financeiros são necessários para
assegurar o desenvolvimento de novas cultivares. Por isso,
explica Peres, é fundamental a parceria com a iniciativa
privada, "que hoje aplica cerca de R$10 milhões de reais por ano
em alguns programas de melhoramento da Embrapa, com a garantia
de exploração comercial das cultivares", ressalta. É o que se
pretende também para milho e sorgo, cuja parceria com os
produtores de sementes deverá acontecer nos moldes do que é
feito atualmente com a soja.
Modelo - No último ano, a Embrapa Transferência de Tecnologia e
a Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) promoveram diversas
reuniões com representantes do setor. O objetivo era definir a
melhor maneira de conjugar esforços em favor do fortalecimento
da cadeia do milho, por meio do apoio à pesquisa e ao
desenvolvimento de materiais genéticos adaptados às condições
climáticas do país.
Apesar de fundamental, a injeção de recursos na pesquisa não é o
único ponto de destaque da parceria. Para o gerente de sementes
e mudas da Embrapa Transferência de Tecnologia, Ronaldo Andrade,
a presença dos produtores de semente nos programas de
melhoramento vai encurtar distâncias, dotando a pesquisa de
antenas para as demandas do mercado, que será mais eficazmente
atendido.
O convênio da Embrapa com a Fundação Triângulo prevê que redes
de ensaio e testes complementares sejam instalados e conduzidos
pela Embrapa. "Isso tornará mais segura a recomendação dos
materiais e a transferência dessas novas cultivares para o setor
agrícola brasileiro", diz Andrade.
As empresas de produtores de sementes representadas pela
fundação estarão envolvidas nas fases finais da rede de
avaliação e participarão do custeio dessas atividades. Como
contrapartida, os parceiros deterão o direito de exclusividade
por prazo determinado para multiplicação e comercialização dos
materiais desenvolvidos nessa parceria.
Parra a chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo Vera Alves, o novo
modelo tem tudo para dar certo. "Temos a expectativa de que essa
parceria traga maior participação da iniciativa privada no
desenvolvimento das cultivares, proporcionando maior aproximação
dos pesquisadores com o mercado", afirma. Vera espera que, com a
Fundação Triângulo, aconteça um fortalecimento do programa de
melhoramento genético em milho e sorgo da Embrapa, "com
oportunidades para novas empresas e o desenvolvimento de
empresas hoje com pouca experiência no mercado de sementes". |
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