Brazil
March 7, 2008
As vantagens e os desafios no
cultivo da canola marcaram o Curso de tecnologia de produção de
canola, que aconteceu nos dias 4 e 5, na Embrapa Trigo (Passo
Fundo, RS). A adaptação da oleaginosa trazida de países frios
permite a rotação com outras culturas de inverno e favorece os
cultivos de verão, como soja e milho.
De acordo com o pesquisador da
Embrapa Trigo, Gilberto
Tomm, a canola é a cultura mais indicada para preceder o milho,
atuando na quebra do ciclo de doenças. Na soja, o aproveitamento
do residual dos adubos garantem maior rendimento e redução dos
custos de produção. “Estudos mostraram que o milho absorve
melhor o nitrogênio deixado pela canola”, afirma Tomm. Segundo o
pesquisador, devido ao tamanho diminuto da semente de canola, a
orientação técnica é semear a canola, preferencialmente, na
resteva de soja, já que o maior volume de palha deixado pelo
milho pode dificultar o contato das sementes com o solo.
Na rotação com outras culturas de inverno, resultados de
pesquisa mostram que a canola contribui para que o trigo semeado
no inverno seguinte apresente rendimentos até 20% superiores e
tenha melhor qualidade pela menor incidência de doenças que
pode, inclusive, resultar na redução do uso de fungicidas.
Exemplo do Paraguai
Assim como no Brasil, o Paraguai apresenta constante evolução na
área semeada: em 1996 o país desenvolvia a canola em 300 ha; em
1999, a oleaginosa ocupava 4.000 ha; e para 2008 a demanda de
sementes deve cobrir 60 mil ha. Segundo o agrônomo Nilson
Osterlein, da COPRONAR, cooperativa situada em Santa Rita, o
produtor paraguaio planta trigo, milho e canola na mesma época
com o objetivo de dividir riscos. “Não vemos as culturas como
concorrentes, mas como complementares. Investimos na rotação das
áreas de cultivo para otimizar os nutrientes deixados pelas
culturas”, explica Nilson.
No Paraguai, o zoneamento agroclimático (estudo que orienta
sobre a melhor época de plantio em diferentes regiões do país)
já está definido, indicando que a cultura se adapta bem em
diversas regiões climáticas. “Mantemos estudos constantes para
acompanhar as mudanças climáticas que se mostram cada vez mais
instáveis”, esclarece Nilson e desabafa: “O que dizer ao
produtor? Se esfria cedo, plante mais cedo. Se o calor
persistir, atrase um pouco o estabelecimento da lavoura”.
Tropicalização da canola
Nas principais regiões produtoras (China, India, Canadá,
Austrália e União Européia) , a canola é cultivada entre 55 e 35
graus de latitude. No Brasil, a adaptação da cultura permite
produzir canola no Rio Grande do Sul a 30 graus de latitude. A
tropicalização da canola está sendo desenvolvida pela Embrapa em
Goiás e Minas Gerais a latitude de 17 graus, um trabalho de
pesquisa inédito na produção mundial. “A canola é uma cultura
com grande potencial na expansão do agronegócio brasileiro,
adequada como cultura de safrinha na produção de grãos no Brasil
Central”, explica Gilberto Tomm.
A resistência ao déficit hídrico é outra vantagem da canola
brasileira: num experimento no Mato Grosso do Sul, a canola
completou o ciclo vegetativo com 95mm de precipitação.
Híbridos disponíveis
Em quase toda a área de cultivo de canola na América do Sul são
semeados híbridos importados, com sementes trazidas
principalmente da Austrália e Nova Zelândia. Atualmente, o
produtor conta com seis híbridos disponíveis, sendo os mais
plantados Hyola 401, Hyola 61 e Hyola 432 e Hyola 60. Novos
híbridos com características muito promissoras estão em fase
final de avaliação pela pesquisa brasileira. “O alto custo para
o desenvolvimento de uma cultivar é entrave para a geração de um
híbrido brasileiro. A justificativa para o investimento tem
relação direta com a área plantada, ou seja, precisamos aumentar
a demanda pela semente para alavancar o aporte à pesquisa
nacional”, finaliza o pesquisador Gilberto Tomm. |
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