Brazil
May 14, 2008
O aumento de área de 12% em trigo
no Rio Grande do Sul e de 17% no Paraná, principais Estados
produtores do cereal, mostra a aposta do produtor brasileiro no
investimento em trigo. As tendências do mercado mundial, a
evolução no preço dos insumos e as perspectivas climáticas foram
os temas abordados no Fórum Nacional do Trigo, realizado nesta
terça-feira (13), no Clube Harmonia, em Sarandi. A realização
foi da Cotrisal, em parceria com a Cotripal, Cotrijal, Cotrel,
Emater/RS-Ascar, Embrapa
Trigo, Fepagro.
A previsão da Emater/RS-Ascar é que a área de trigo no RS passe
dos 850 mil hectares (ha) do ano passado para 950 mil ha em
2008. No PR, a área deve atingir os 996 mil ha. O crescimento é
resultado do bom momento do trigo no mercado mundial, com a
frustração de safra nos países do Hemisfério Norte, que
concentra 90% da produção mundial. De acordo com o assistente
técnico estadual da Emater/RS-Ascar, Luiz Ataides Jacobsen,
nesta safra de 2007/08, a produção mundial projetada é de 606,69
milhões de toneladas, para um consumo de 619,06 milhões (USDA,
abril de 2008). Isto tem dilapidado os estoques de passagem.
O presidente da Emater/RS, Mário Nascimento, convidou os
produtores a mais uma vez apostarem na cultura do trigo. Ele
salientou que no atual cenário mundial, os grandes exportadores
estão exportando menos, os triticultores argentinos estão
insatisfeitos com as medidas do governo e tendem a reduzir a
área plantada. Nascimento lembrou ainda que o mundo adverte para
a escassez de alimentos, mesmo reconhecendo o entrave causado
pelo aumento dos preços dos insumos. “Cada integrante da cadeia
tritícola está sendo convocado para fazer a sua parte e
instituições como a Emater estão preparadas para dar respaldo
técnico aos assistidos e consolidar o trigo como uma das mais
importantes culturas de inverno do país”, disse Nascimento.
Para o consultor da Serra Morena Corretora, Walter Von Muhlen
Filho, os preços devem se adequar com a recuperação dos países
produtores até o momento da colheita da safra brasileira, mas
garante que a queda não deve ser muito representativa, mantendo
a estabilidade do mercado e a segurança do produtor.
Sementes de qualidade e clima favorável
O Rio Grande do Sul conta com disponibilidade de semente
certificada para semeadura de trigo em 60% da área estimada. O
preço subiu R$ 0,15 em relação ao do ano passado, atingindo R$
0,90 o quilo da semente. Segundo o presidente da Associação dos
Produtores de Sementes e Mudas no RS (Apassul), Eduardo Loureiro
da Silva, a semente representa de 7 a 8% do custo de implantação
da lavoura: “A semente é o insumo mais barato e com o melhor
retorno do investimento”. Mesmo assim, Loureiro lembra que 40%
da área de trigo devem ser semeadas com semente própria,
guardada pelo produtor no ano anterior.
O custo dos fertilizantes compromete mais a lavoura,
representando quase 18% do investimento. De acordo com a
Fecoagro, em agosto de 1994 eram necessários 25 sacos de trigo
para pagar uma tonelada de adubo. Hoje são necessários 42 sacos.
O aumento no preço dos fertilizantes é justificado pelo
presidente do Sindicato das Indústrias de Fertilizantes no RS e
representante da Anda (Associação Nacional de Defensivos
Agrícolas), Torvaldo Mazzola Filho, pela supervalorização nos
custos da matéria-prima importada pela indústria de agroquímicos
e, obviamente, pelo aumento no consumo dos produtores
brasileiros – o Brasil é o 4º maior mercado consumidor de
fertilizantes – que passaram a investir mais na lavoura.
Apesar do aumento nos custos, o clima promete colaborar com o
triticultor. O ano de 2008 prevê o fenômeno La Niña, que
prejudicou as culturas de verão com a seca, e vai beneficiar as
culturas de inverno com a pouco incidência de chuvas na
primavera, evitando problemas como germinação na espiga, doenças
fúngicas e queda na qualidade de pH. “Vai ter geada, sempre
presente no inverno gaúcho, mas deverá ser localizada e de pouca
intensidade”, explica o agrometeorologista da Embrapa Trigo,
Gilberto Cunha.
Avaliação positiva do evento
Na avaliação do diretor técnico da Emater/RS, Paulo Silva, que
na oportunidade esteve representando o secretário da
Agricultura, Pecuária e Agronegócio, João Carlos Machado, o
fórum é uma oportunidade para produtores e técnicos terem
conhecimentos de onde insere a cultura do trigo no contexto
gaúcho, brasileiro e mundial do agronegócio, além de ser uma
oportunidade de conhecimento das inovações e das tecnologias
disponíveis. “Mas o papel mais importante desse fórum, que já
está na quarta edição, é o de servir para a discussão. Assim, se
consegue identificar os pontos de estrangulamento, que não são
somente técnicos nem políticos, mas que são de uma conjuntura.
Aqui se despertam processos que facilitam a vida do agricultor e
trazem mais renda para essa atividade”, avaliou Silva.
“A qualidade técnica dos palestrantes, o empenho de nossos
colaboradores, as parcerias e a participação dos produtores
garantiram o sucesso desse Fórum”, comemorou o presidente da
Cotrisal, Walter Vontobel. Ele afirmou estar satisfeito com o
resultado do evento, com a possibilidade de propiciar aos
associados um momento de debate e discussão sobre a cultura do
trigo. |
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