Brasília, Brasil
May 20, 2008
A Embrapa Hortaliças
(Brasília-DF) fechou os primeiros contratos da Unidade com base
na Lei de Inovação Tecnológica. A cooperação será realizada com
as empresas de semente Agrocinco e Hortivale para o
desenvolvimento de quatro cultivares: dois híbridos de tomate –
um do tipo longa-vida e outro tipo italiano, uma abóbora do tipo
italiano e uma cultivar de feijão-de-vagem de crescimento
indeterminado.
De acordo com o chefe-geral da Embrapa Hortaliças, José Amauri
Buso, as empresas terão exclusividade sobre a comercialização
dos materiais durante dez anos e pagarão royalties à Embrapa.
Segundo ele, as companhias vão auxiliar no desenvolvimento dos
novos materiais, inclusive com o aporte de recursos financeiros
e de germoplasma.
Para Luiz Jorge da Gama Wanderley Junior, diretor da Hortivale,
essa parceria é um marco para as empresas nacionais de semente.
“A partir de agora, com o apoio da Embrapa e a certeza que
poderá investir em produtos novos, as empresas nacionais poderão
desenvolver uma nova gama de produtos que atendam as
necessidades de mercado.” Ele destaca que os acordos são
vantajosos para ambas as partes. De um lado, o pagamento dos
royalties para a Embrapa vai garantir investimentos em pesquisa
e, do lado das empresas, serão gerados produtos de qualidade e
que atendam as necessidades do mercado consumidor.
Por sua vez, Luís Carlos da Silva Galhardo, diretor da
Agrocinco, afirma que essa parceria deve fazer o produtor pagar
menos pelas sementes, uma vez que boa parte delas é importada.
Para ele, também serão criadas oportunidades para que
agricultores se especializem na produção desse insumo, através
de trabalho terceirizado com a Agrocinco.
Na opinião de José Amauri Buso, nos próximos anos, a Embrapa
Hortaliças terá, cada vez mais, acertos dessa natureza, baseados
na Lei de Inovação Tecnológica. “A Lei de Inovação criou um
ambiente diferenciado, que permite que nós trabalhemos com a
empresa numa parte anterior à finalização da cultivar.” Ele
explica que, anteriormente, os contatos com as companhias de
semente eram realizados apenas após o desenvolvimento dos
materiais.
Isso muitas vezes dificultava a entrada dos novos produtos no
mercado. “Agora, nós vamos colocar no mercado um material que a
empresa tem o maior interesse em divulgar, uma vez que é para
atender uma demanda que ela identificou. No futuro,
especialmente na área de Melhoramento Genético, boa parte dos
novos materiais será baseado nesse novo modelo.”
Para Leonardo Boiteux, pesquisador em Melhoramento Genético da
Embrapa Hortaliças, além de garantir a ampliação da presença de
produtos da Unidade no mercado, esse tipo de parceria vai gerar
uma otimização de recursos e esforços, uma vez que haverá uma
demanda dirigida por parte das empresas, que estão em contato
direto com o produtor.
Por outro lado, as companhias de sementes vão reduzir sua
dependência de materiais importados, com a geração de novas
cultivares e com investimentos relativamente baixos. “No
segmento de hortaliças, o número de espécies e variedades é
muito grande, dificultando que as empresas de sementes
desenvolvam pesquisas que abranjam todas as espécies que
trabalha, pois necessitaria ter um corpo técnico numeroso e
qualificado, o que é muito difícil, principalmente para as
empresas menores”, destaca Wanderley Junior.
Luís Galhardo explica que o custo de montagem de um programa de
melhoramento de hortaliças é extremamente elevado, requerendo
gastos enormes em laboratórios e pessoal altamente qualificado.
Por isso, destaca a importância da parceria com a Embrapa
Hortaliças. “A assinatura de contratos dentro do âmbito da Lei
de Parceria Público Privada possibilita que a Agrocinco possa
desenvolver com a Embrapa Hortaliças materiais de altíssima
qualidade, comparáveis aos que atualmente a Agrocinco importa de
companhias multinacionais.” |
|