Brazil
November 6, 2008
Pesquisadores da
Embrapa Cerrados
(Planaltina – DF) e do
Ministério da Agricultura da Tunísia elaboraram, em reunião
conjunta na sede da Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária - Embrapa, um memorando de intenções para iniciar
parcerias em diversas áreas de pesquisa agropecuária. A
prioridade é iniciar a troca de materiais genéticos de trigo e
cevada para ampliar a base genética destas espécies nos dois
países. O acordo deve permitir à Embrapa Cerrados iniciar um
programa de pesquisa com trigo durum, tipo de trigo mais duro e
rico em proteína, ideal para a fabricação de macarrão e outras
pastas alimentícias.
A Tunísia produz trigo durum de boa qualidade, tanto em
condições de sequeiro como irrigado. O pesquisador Júlio
Albrecht, da equipe de melhoramento genético de trigo da Embrapa
Cerrados, destaca que o Cerrado da região central do Brasil é a
área adequada para produzir trigo durum no país. Albrecht
destacou ainda que há a necessidade mútua de incrementar as
variedades de trigo com alta força de glúten voltadas para a
panificação.
O intercâmbio de germoplasma de trigo deve incluir ainda
variedades com resistência à seca. O país do norte da África,
assim como o Cerrado, apresenta baixo índice pluviométrico.
“Temos carência de recursos hídricos e aprimorar as variedades
resistentes à seca é um interesse dos dois países”, destacou
Seifeddine Cherif, embaixador da Tunísia no Brasil.
Os pesquisadores Khalifa M'Hedhbi, diretor do Centro Técnico de
Cereais, em BouSalem, e Mouldi Elfelah, diretor de pesquisa e
desenvolvimento do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, na
capital Tunis, apresentaram um panorama da pesquisa agropecuária
no país árabe e salientaram o desenvolvimento tecnológico
alcançado pelos dois países nas pesquisas com trigo de
duplo-propósito, cultivares que servem tanto para a produção de
grãos quanto para o pastejo dos animais.
Khalifa explicou que o cultivo mais comum na Tunísia aproveita a
massa verde para a alimentação animal e, posteriormente, o
rebrote do trigo é destinado para a colheita de grãos. O
pesquisador, que visita o Brasil pela terceira vez, salientou
que várias tecnologias agropecuárias são de uso comum aos dois
países. “Em 2004, participei de um congresso internacional sobre
plantio direto em Foz do Iguaçu. A Tunísia utiliza o plantio
direto desde 1999. Creio que esta parceria é de ajuda mútua.
Estamos descobrindo pontos de convergência e há entusiasmo dos
pesquisadores”.
Segundo Elfelah, a Tunísia possui o único banco de germoplasma
de trigo do continente africano. O pesquisador comentou ainda
que a possibilidade de iniciar projetos de pesquisa em conjunto
e um intercâmbio de estudantes de pós-graduação poderia
fortalecer ainda mais as relações entre os dois países.
“Pretendemos enviar material de trigo e cevada para o Brasil e,
posteriormente, iniciar projetos conjuntos”.
A pesquisadora Marília Santos Silva, articuladora internacional
da Embrapa Cerrados, destaca que a equipe participante da
reunião técnica pretende iniciar, em breve, a redação de
projetos de cooperação técnica conforme as normas da Embrapa e
do Ministério das Relações Exteriores. Marília comentou que os
pesquisadores dos dois países “possuem semelhanças culturais e o
encontro foi proveitoso”. Sobre a troca de material genético de
cevada, a pesquisadora lembrou que embora a Tunísia cultive mais
cevada forrageira para alimentação humana, enquanto o Brasil
prioriza a cevada cervejeira, a troca será benéfica para ampliar
a base genética dos dois países.
A reunião técnica foi encerrada com uma visita ao laboratório de
microbiologia do solo da Embrapa Cerrados. Os pesquisadores
Fábio Bueno Júnior e Iêda Mendes apresentaram os avanços nas
pesquisas sobre fixação biológica de nitrogênio e explicaram os
benefícios econômicos que resultam da substituição dos
fertilizantes nitrogenados pela inoculação com rizóbio.
As discussões entre os pesquisadores da Tunísia e do Brasil
tiveram início na quinta-feira (30) na Embrapa Trigo (Passo
Fundo –RS). Também participaram da troca de informações os
pesquisadores Walter Quadros e Marcelo Ayres Carvalho, da
Embrapa Cerrados, e o cônsul geral da Tunísia Heinz Huyer. |
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