Brazil
September 15, 2008
No município paraense de
Tracuateua será realizado na manhã desta sexta-feira (19) um dia
de campo voltado à transferência de tecnologias para produção do
feijão-caupi, cultura com agronegócio em franca expansão no
Estado do Pará.
O Pará é o maior produtor de feijão-caupi da região Norte, mas a
imensa maioria (cerca de 90%) dos grãos plantados no Estado é
consumida fora dele, especialmente no Nordeste brasileiro. E
isso não acontece por acaso: o feijão-caupi é a espécie de
leguminosa comestível que se torna inseparável do arroz no prato
típico nordestino baião-de-dois, também consumido em outras
regiões do País mas em menor escala que no Nordeste.
Tracuateua é município da região Bragantina, na qual se
concentra o pólo produtivo do grão no Pará. Durante o evento (na
área de produção da Agropecuária Milênio, Ramal Braço Grande,
Vila Fátima), especialistas da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa,
vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, juntamente com os produtores-parceiros da Embrapa
na pesquisa com a leguminosa, vão se encarregar de fazer
explanações sobre os diferentes aspectos da pesquisa e os
impactos gerados com os avanços tecnológicos introduzidos no
agronegócio do feijão-caupi.
O pesquisador Francisco Rodrigues Freire Filho, da Embrapa
Meio-Norte (Teresina/PI), que estará em Tracuateua, é
especialista em melhoramento genético do feijão-caupi e o centro
da Embrapa onde desenvolve pesquisas nessa linha é referência
nacional e mundial no trabalho com a leguminosa.
A Embrapa Amazônia Oriental (Belém/PA), por sua vez, “tem sido
parceira da Embrapa Meio-Norte no sentido de fazer os
experimentos nos campos paraenses e validar as pesquisas para
que as novas cultivares possam ser recomendadas de acordo com as
particularidades agrícolas regionais”, explica o pesquisador
Manoel da Silva Cravo, responsável por experimentos com
feijão-caupi no Pará.
Nas quatro estações demonstrativas do dia de campo, o público
receberá informações sobre melhoramento genético (por Francisco
Freire Filho), avaliação de linhagens promissoras (por Altevir
Lopes, pesquisador responsável também pela organização do
evento), manejo da fertilidade do solo (por Manoel Cravo) e
variações no modelo produtivo Sistema Bragantino, no qual um dos
componentes é o feijão-caupi.
HISTÓRIA DE INOVAÇÕES – A parceria entre a Embrapa Amazônia
Oriental e a Embrapa Meio-Norte resultou, nos últimos anos, no
lançamento de cultivares com porte moderno, maturidade mais
uniforme e grãos de ampla aceitação comercial, informam os
especialistas. A BRS Novaera, por exemplo, lançada em 2007, é
considerada uma tecnologia agrícola com diferencial marcante
para o cultivo do feijão-caupi no Brasil. "A colheita dos grãos
da Novaera pode ser totalmente mecanizada. É uma cultivar
adequada para agricultores empresariais mas também recomendada
para agricultores familiares, porque as vagens da leguminosa
maturam na mesma época, permitindo colheita de uma só vez por
meio do arranquio manual ou do corte das plantas”, salienta o
pesquisador Francisco Freire.
As variedades Milênio e Urubuquara, lançadas em 2005, marcaram
época porque há 20 anos não havia lançamentos de cultivares de
feijão-caupi recomendadas à região e por isso se tornaram
símbolo dos avanços tecnológicos conquistados com o esforço
conjunto da pesquisa e do setor produtivo regional. “E isso foi
fruto de uma demanda vinda dos próprios produtores da região
Bragantina, que procuraram a Embrapa por volta do ano 2000 e se
mantêm parceiros nas pesquisas até hoje”, relembra o pesquisador
Manoel Cravo.
Quanto ao Sistema Bragantino, lançado também em 2005, é um
modelo produtivo (para agricultura familiar e empresarial) que
alia a técnica do plantio direto ao cultivo da mandioca,
feijão-caupi, milho e arroz em rotação e consórcio. De acordo o
pesquisador Manoel Cravo, responsável pelo desenvolvimento da
tecnologia, outras culturas estão sendo incorporadas ao sistema
e algumas dessas inovações, com resultados já disponíveis, vão
ser apresentadas ao público do dia de campo pelos produtores
Benedito Dutra Luz Souza e Francisco Douglas Rocha Cunha. |
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