Brazil
June 1, 2009
A
Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) avaliou 246 acessos de
milho de todo o Brasil para identificar o perfil de carotenóides
precursores da vitamina A, chamados carotenóides pró-vitamina A.
Seis linhagens da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) foram selecionadas
e uma variedade com maiores teores de pró-vitamina A está em
desenvolvimento O resultado é uma seleção de grãos com até
quatro vezes mais carotenóides precursores da vitamina A que os
encontrados em variedades comuns. Essa pesquisa será um dos
destaques na
III Reunião
Anual da Biofortificação no Brasil, de 31 de maio a 5 de
junho, em Aracaju-SE.
Segundo o pesquisador Paulo Evaristo de Oliveira Guimarães, em
uma das linhagens avaliadas, o valor médio de pró-vitamina A foi
de 7,6 microgramas/grama, enquanto as 20% melhores espigas
apresentaram valores médios de 9,2 microgramas/grama. "Estes
valores são, respectivamente, cerca de 3,5 e 4,2 vezes maiores
que os encontrados em milho de grãos amarelos", relata o
pesquisador. A partir de reações químicas no organismo, a
pró-vitamina A transforma-se em vitamina A, que tem papel
importante para a saúde dos olhos.
Ainda segundo ele, nas próximas duas safras a linhagem
selecionada será avaliada quanto ao desempenho agronômico na
região Nordeste e em outras regiões do país. "Caso os testes
indiquem boa performance agronômica e melhor qualidade
nutricional, poderemos ter uma cultivar com maiores teores de
carotenóides pró-vitamina A a partir de 2010", afirma. Mesmo com
maiores teores de carotenóides pró-vitamina A, o milho, para ser
considerado pelos pesquisadores como biofortificado, precisa
apresentar teores de, no mínimo, 15 microgramas/grama.
Enquanto isso, os produtores rurais podem ter acesso ao BRS
Assum Preto, uma variedade de alta qualidade protéica e com
maiores teores de aminoácidos essenciais, como o triptofano e a
lisina. A variedade é indicada para as condições semi-áridas do
Nordeste brasileiro por apresentar ciclo superprecoce - da
emergência das sementes à colheita são necessários 100 dias, em
média.
Biofortificação será debatida em evento
Uma das principais contribuições que a pesquisa agropecuária
deve oferecer para o combate à desnutrição é o desenvolvimento
de alimentos mais nutritivos. Além de características desejáveis
como a facilidade de serem produzidos, processados e consumidos,
tais alimentos devem ser também acessíveis à dieta básica das
populações, em especial, das regiões mais pobres do mundo, como
África, Ásia, América Latina e Caribe, principais focos dos
programas HarvestPlus e AgroSalud, que no Brasil configuram uma
rede de centros de pesquisa coordenados pela Embrapa
Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ).
A biofortificação de produtos agrícolas para melhoria da
nutrição humana tem o objetivo de suprir a dificuldade de
suplementação de vitaminas e minerais (pró-vitamina A, ferro e
zinco) em regiões sem infra-estrutura adequada para a
distribuição de alimentos processados. Por isso, a proposta
supera as limitações a partir do uso de tecnologias que têm como
base a semente de produtos agrícolas melhorados
convencionalmente (cruzamento de plantas da mesma espécie).
Sementes com maiores teores de micronutrientes são o diferencial
do programa. De acordo com o pesquisador Paulo Evaristo
Guimarães, o milho, devido à sua amplitude e facilidade de
produção e consumo, é um dos cereais que merece destaque nesta
rede de pesquisa que também investiga arroz, feijão, feijão
caupi, abóbora, batata doce, mandioca e trigo.
Cerca de 200 pesquisadores e técnicos de todo o Brasil e do
exterior, além do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes,
estarão na III Reunião Anual da Biofortificação no Brasil. Veja
detalhes da programação no site (www.cpatc.embrapa.br/biofortbrasil/).
O evento é uma realização da Embrapa Agroindústria de Alimentos
e Embrapa Tabuleiros Costeiros, com parceria dos programas
HarvestPlus e AgroSalud e apoio das empresas Monsanto, Nestlé,
Pepsico e Halotek Fadel. |
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