Brazil
March 24, 2009
A declaração foi do representante
da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo),
durante o I Workshop sobre Produção Integrada de Trigo, que
aconteceu nesta segunda-feira, dia 23/3, na
Embrapa Trigo (Passo
Fundo, RS). Valorizar o trigo brasileiro separando os lotes para
os diferentes usos do trigo na indústria foi a recomendação
geral dos especialistas que participaram do evento.
O Brasil consome 10,3 milhões de toneladas de trigo por ano. Os
grãos ganham diferentes usos, como alimentação animal, produtos
integrais, sementes e fabricação de farinha, onde está a
principal valorização do cereal. O consumo do trigo pela
indústria está dividido em panificação 55%, uso doméstico 17%,
biscoitos 11%, massas 15% e outros 2%. Os múltiplos usos do
trigo exigem diferentes parâmetros para que produto final tenha
as características de qualidade desejadas pelo consumidor. “Hoje
temos variedades com ótimo desempenho agronômico e muito bom
desempenho industrial adaptadas a todas as regiões tritícolas.
Ao lado de outros materiais, também agronomicamente
interessantes, mas comercialmente gravosos ao vendedor”, avalia
o gerente de abastecimento da Trigo Brasil, Irineu Pedrollo.
Segundo ele, o produtor precisa escolher entre produtividade ou
liquidez, consciente dos riscos e benefícios de sua opção: “O
marketing não pode fazer semear trigo Pão e colher trigo
Brando”.
Conforme a pesquisadora da Embrapa Trigo, Casiane Tibola, há
grandes dificuldades para a segregação de lotes conforme a
aptidão tecnológica. “Os principais fatores são a
desuniformidade na produção e a disponibilidade de silos para
grandes volumes, que restringem as possibilidades de separar
lotes homogêneos quanto a qualidade tecnológica. Num mesmo
armazém são misturados diferentes trigos, com as mais variadas
aptidões industriais, trigo brando com trigo pão, grão escuro
com claro, etc. O resultado é um trigo com qualidade inferior,
sem direcionamento de mercado”, explica a pesquisadora,
ressaltando a proposta do programa de Produção Integrada de
Trigo de acompanhar todas as etapas da produção, garantindo a
qualidade e conferindo rastreabilidade aos lotes de trigo.
“Está muito fácil organizar a produção de trigo no Estado do Rio
Grande do Sul, haja vista que 43% de toda semente produzida no
RS possui excelente liquidez comercial no mercado interno,
enquanto 45% está composta por variedades desclassificadas por
não apresentar a qualidade necessária que proporcione sua
utilização no mercado de panificação, farinha doméstica e
biscoito”, define o correto Antônio Garcia, da JF Corretora de
Cereais. Ele destaca a existência as oportunidades de negócio
para o trigo brando no mercado interno: “existem empresas
importando farinha de trigo brando por não conseguir quantidade
e qualidade dos seus fornecedores de farinha de trigo aqui no
Brasil, mesmo pagando pelo trigo brando o preço pago pelo trigo
pão há moinhos com dificuldades em atender seus contratos com
importantes indústrias de biscoito, bem como para o mercado de
panificação, que pela falta de produto com padrão de qualidade
que atenda as necessidades deste segmento do mercado abre espaço
para o trigo importado até então oriundo do Paraguai, Argentina
e Uruguai”. |
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