Brazil
August 29, 2011
A edição desta semana da Revista Veja publicou uma relação de 50 brasileiros que ajudaram a criar um novo mundo com suas idéias, inventos e aperfeiçoamentos. A relação traz personalidades da ciência, tecnologia, esportes, cotidiano, ambiente, saúde, agropecuária, história, cultura e finanças. Pessoas, como afirma a reportagem, que, com sua atuação, geraram repercussão regional, nacional e internacional. Herdeiros, segundo texto, de pessoas que redesenharam o Brasil, como a cientista Johanna Döbereiner, pesquisadora da Embrapa Agrobiologia (Seropédica-RJ) falecida em 2000, cujo trabalho sobre fixação de nitrogênio contribuiu para que o Brasil se transformasse no maior exportador mundial de soja.
Na lista publicada por Veja aparecem cinco pesquisadores que têm suas trajetórias traçadas em centros de pesquisa da Embrapa. Cientistas que, a exemplo de Johanna Döbereiner, tem ajudado a mudar a face do Brasil. Entre eles, está o pesquisador Jairo Vidal Vieira da Embrapa Hortaliças (Brasília-DF), que desde 1977 atua na área de melhoramento genético de cenoura da Unidade. No seu trabalho destaca-se a introdução no Brasil de variedades de cenoura adaptadas ao clima tropical.
Ele destaca que os resultados da pesquisa são fruto de um trabalho de equipe, que contou com a colaboração de muitas pessoas na Embrapa Hortaliças, em instituições parcerias, na extensão rural e entre os produtores. Para ele, o diferencial do projeto foi o foco. “O projeto sempre trabalhou com foco e a equipe sempre soube aonde a gente pretendia checar. Não tem segredo”, afirma.
O resultado de maior impacto do programa foi a cultivar “Brasília”, lançada na década de 1980, o País reduziu a importação de raízes a ampliou a área cultivada de 12,7 mil, em 1988, para cerca de 26 mil hectares, em 2008, conforme estimativas desse setor. Na época, as lavouras brasileiras de cenoura eram limitadas pela queima-das-folhas, doença que provocava baixas produtividades e elevados custos de produção gerados por aplicações excessivas de agrotóxicos.
A cultivar “Brasília”, que alia alta produtividade com resistência à queima-das-folhas, adaptou-se em todas as épocas e regiões brasileiras. Ela passou a ser adotada nas regiões Sul e Sudeste, na época de verão, e, nas demais Regiões, durante todas as épocas do ano.
Associada às novas técnicas de produção, a cultivar Brasília possibilitou redução significativa nos custos de produção, aumentou a rentabilidade da cultura e viabilizou a produção de sementes de cenoura, o que antes era impossível no Brasil. O consumidor também se beneficiou com a queda nos preços da cenoura e com a garantia de oferta durante o ano inteiro.
A revista Veja também cita outros pesquisadores da Embrapa. É o caso de Rodolfo Rumpf, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília- DF), que tem um trabalho destacado na área de clonagem animal. Ele coordena a equipe que gerou, em 2001, o primeiro clone bovino da América Latina, Vitória. Umberto Camargo, da Embrapa Uva e Vinho (Bento Gonçalves-RS), também é citado pela publicação. Ele é responsável pelo desenvolvimento de cultivares de uva sem sementes adaptadas ao clima tropical. As cultivares geradas por essa pesquisa têm viabilizado as exportações brasileiras desse produto.
Outro pesquisador da Embrapa presente na lista de Veja é Jerônimo Fávero, da Embrapa Suínos e Aves (Concórdia-SC). Ele é o responsável pelo desenvolvimento do suíno light, um reprodutor que tem permitido a melhoria da qualidade genética do rebanho brasileiro, aumentando o rendimento de carne. O ex-pesquisador da Embrapa Soja (Londrina-PR) Romeu Kiihl também aparece na lista da publicação semanal. Segundo a revista, ele é conhecido como “pai da soja no Brasil”, graças ao trabalho de melhoramento genético coordenado por ele, que gerou cultivares adaptadas ao plantio no Cerrado.