Embrapa orienta como evitar resistência de pragas a inseticidas na soja
Brazil
February 6, 2012
Para prevenir o surgimento de resistência das pragas aos inseticidas, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, não recomenda o controle preventivo na cultura da soja. De acordo com os pesquisadores, as aplicações de produto químico devem levar em conta o nível de infestação das pragas e o nível de ação para a fase de desenvolvimento da planta. O pesquisador Daniel Sosa-Gomez, da Embrapa Soja (Londrina-PR), explica que as pragas com maior potencial para o desenvolvimento de resistência a inseticidas são a lagarta falsa-medideira (Pseudoplusia includens), a mosca branca (Bemisia tabaci) e os ácaros. No caso do percevejo marrom (Euschistus heros), já existem relatos de resistência a inseticidas.
A lagarta falsa-medideira até 2003 era considerada uma praga secundária da soja. Atualmente há relatos de sua ocorrência em várias regiões do Brasil. “A presença da lagarta é uma preocupação em todas as fases da soja, porque afeta o desenvolvimento da planta e interfere na produtividade”, ressalta Sosa-Gomez.
De acordo com o pesquisador, o uso de fungicidas para o controle da ferrugem asiática também preocupa, porque sua utilização massiva elimina os fungos que atuam no controle da lagarta falsa-medideira, favorecendo o aumento da população de lagarta. Sosa-Gomez explica ainda que a lagarta falsa-medideira é mais tolerante aos inseticidas, quando comparada à lagarta da soja, pois exige doses mais altas de produtos.
“Isso provoca problemas posteriores como a eliminação de vários inimigos naturais (insetos predadores e parasitóides) que mantém a população da praga sob controle”, diz. “Além disso, com a utilização de produtos mais tóxicos, para controle da lagarta, há uma exposição maior também dos percevejos a estes produtos. Isto favorece a seleção de indivíduos resistentes”, enfatiza.
Sosa-Gomez destaca que o controle químico da lagarta falsa-medideira, ocorrendo sozinha ou associada à lagarta-da-soja, deve ser feito quando forem encontradas, em média, 20 lagartas grandes por metro, ou se a desfolha atingir 30% até o final do período vegetativo, ou 15%, tão logo apareçam as primeiras flores. “Não se recomenda a aplicação de inseticida de mesmo modo de ação em duas aplicações sucessivas para um mesmo inseto”, alerta o pesquisador. “Os produtos reguladores de crescimento interferem menos na sobrevivência de inimigos naturais (organismos benéficos), por isso, é importante dar preferência a eles”, destaca.
Percevejo - O percevejo marrom também está disseminado em todas as regiões produtoras, mas apresenta densidades mais altas no sul de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná. A praga ocasiona danos na fase reprodutiva e no enchimento de vagens.
Sosa Gómez destaca que, no caso de percevejos, deve-se aplicar no momento certo e verificar a acorrência de populações resistentes a inseticidas. “Não adianta fazer aplicações no momento certo se existir populações resistentes. Quando houver resistência, o produtor tem que alternar o produto. O problema é que não temos muitos produtos com modos de ação diferentes para fazer a alternância”, alerta.
A maioria dos casos mais graves está localizada em determinadas regiões e depende de como foi feito o manejo da área nos anos anteriores. “Se o produtor abusou no uso de organofosforados, existe a tendência de selecionar indivíduos resistentes. Se abusou das misturas, este produtos tendem a ficar mais resistentes a elas”, alerta. “A saída para evitar resistência é tentar aplicar inseticidas mais seletivos no início da cultura, (controle da lagarta) e evitar os que serão usados para controle de percevejos (piretróides, neonicotinóides ou organosforados), para reduzir a sobreposição de produtos”, destaca.
O pesquisador ressalta também que outras pragas como os ácaros e a mosca branca também apresentam potencial para tornarem-se resistentes. “Em outros países, os relatos mais impressionantes de resistência são relacionados à mosca branca”.
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Website: http://www.embrapa.br Published: February 6, 2012 |