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Povo Xavante recebe 36 variedades de feijão-fava armazenadas no banco genético da Embrapa


Bom Jesus do Araguaia, MT, Brazil
November 29, 2013

Relatório de atividades 2012
Foto: Sayonara Silva/OPAN

O povo Xavante da Terra Indígena Marãiwatsédé recebeu 36 variedades de feijão-fava (Phaseoluslunatus L.), incluindo uma coletada em área Xavante na década de 1970, por meio do apoio da OPAN – Operação Amazônia Nativa e da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia. A iniciativa contribui para o processo de enriquecimento e diversificação alimentar das roças tradicionais A'uweuptabi.

Relatório de atividades 2012
Foto: Sayonara Silva/OPAN

As sementes foram conservadas e multiplicadas ex situ no banco de conservação de sementes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, em Brasília. O Banco conta com variedades tradicionais coletadas ao longo de quase 40 anos em diversas regiões do Brasil. Dependendo do tipo de espécie a ser armazenada, a Embrapa aplica diferentes metodologias.
Algumas que podem ser conservadas em câmaras frias após perderem umidade (as ortodoxas) são contadas, pesadas, sua umidade é estimada e, se necessário, elas ficam em câmaras de secagem. Depois de atingida a umidade desejada, elas são empacotadas em embalagens de alumínio e podem ficar armazenadas a 20 graus negativos, ou de cinco a 10 graus positivos.

"Há também outras formas de conservação ex situ: in vitro (em tubos de ensaio, em meios de cultura) e também o congelamento em nitrogênio líquido. Essas duas formas de conservação normalmente são usadas para culturas que não podem ter as sementes resfriadas, como a mandioca e outras espécies nativas. Outra forma de conservação que realizamos é a manutenção das plantas em campo, nas unidades da Embrapa", explica Marília Lobo Burle, supervisora do Sistema de Curadorias de Germoplasma da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

De acordo com a pesquisadora, "todas as variedades mantidas em nossos bancos têm dados de passaporte – que informam de onde o material foi obtido, local de coleta, nome do proprietário da terra que forneceu, data da coleta, nome comum que o produtor dá, informações do ambiente de coleta, etc. – e através disso sabemos prontamente se elas vieram de área indígena ou não".

Terezinha Dias, também pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e coordenadora do projeto conduzido em parceria entre a Embrapa e o Povo Indígena Krahô, completa: "Um pesquisador que queira fazer pesquisa que acesse o patrimônio genético indígena tem que construir com a comunidade um processo de autorização (Anuência Prévia Informada) e encaminhar todo o procedimento para avaliação do Conselho Gestor do Patrimônio Genético (CGEN). Assim, para evitar a "pirataria" a comunidade deve ficar atenta se a empresa e/ou pesquisador está ou não cumprindo a legislação brasileira", orienta.

Dos Krahô para os Xavante

Das 36 variedades de fava, 19 foram doadas aos Xavante pelo povo indígena Krahô, que detêm 30 variedades dessa espécie em suas roças, localizadas no estado de Tocantins. Diante do processo de substituição de espécies crioulas por cultivares "mais produtivas", o povo indígena Krahô perdeu suas sementes tradicionalmente cultivadas. O mesmo processo também ocorreu em diversas outras áreas. Nos anos 70, um projeto de rizicultura implementado pela Funai entre os Xavante provocou a predominância do monocultivo de arroz em detrimento de outras variedades cultivadas pelas comunidades.

Quarenta anos atrás, a Embrapa começou a coletar sementes em terras indígenas, armazenando-as em bancos genéticos, possibilitando a povos como os Krahôs, a recuperação de algumas de suas variedades perdidas. E, consequentemente, proporcionando que as espécies recuperadas ajudassem também outros grupos. Assim, em setembro deste ano, 32 famílias de Marãiwatsédé receberam as variedades de fava para o plantio em roças. Os anciãos lembraram de espécies que não cultivam mais e chamam as favas de WaduHöbo, na língua Xavante (tipo feijão grande).

Em 2012, o pesquisador Nuno Madeira, da Embrapa Hortaliças, doou variedades de batata-doce como a Beauregard, que possuem altos teores de vitamina, além de inhames, taro japonês, arararuta e outros, também havendo hortaliças não convencionais como o ora-pro-nobis e bertalha.

"A ideia é que os Xavante de Marãiwatsédé possam multiplicar as sementes, tubérculos e hortaliças entregues pelas duas unidades da Embrapa, que exerce importante papel ao incentivar que comunidades tradicionais recuperem variedades perdidas e possam conservá-las cultivando-as no local novamente", aponta Sayonara Silva, indigenista da OPAN.

Por inúmeros fatores ocorridos ao longo do tempo, como pressões advindas das frentes de colonização, monocultivo de espécies hibridas em detrimento das tradicionais e processos de transição entre territórios, muitos povos indígenas perderam sementes cultivadas em suas roças. No caso do povo Xavante de Marãiwatsédé, ao serem transferidos compulsoriamente de seu território nos anos 60, variedades como as de milho Nodzö foram perdidas e recuperadas também com apoio da Embrapa.

Desde 2009, a OPAN apoia trabalhos pela soberania alimentar do povo Xavante de Marãiwatsédépor por meio da diversificação de cultivares nas roças e quintais (tradicionais e/ou exóticos), expedições territoriais (coleta, caça, pesca), implementação de unidades demonstrativas de restauro florestal e outros, levando em consideração o conhecimento tradicional e os princípios agroflorestais. Mais recentemente, mulheres coletoras de sementes em Marãiwatsédé formaram o grupo "PiõRómnhaMa´u´bumrõi´wa" vinculado à Rede de Sementes do Xingu, que vem fortalecendo as estratégias de coleta, beneficiamento e plantio dentro do território.

Este tipo de ação faz parte de uma estratégia complementar para salvaguarda desse patrimônio entre os indígenas. "Para garantir que não se perca a agrobiodiversidade indígena é importante valorizar pessoas e processos que se relacionam à conservação local dos recursos genéticos. A promoção de feiras de intercâmbio de sementes e de experiências e a valorização dos guardiões da agrobiodiversidade são fundamentais, assim como bons programas relacionados à alimentação e aos produtos agroextrativistas locais. É muito importante que os povos indígenas possam também contar com o apoio dos bancos genéticos para apoiá-los na conservação de recursos genéticos a longo prazo", finaliza Terezinha Dias.

Serviço:
Para solicitar material genético à Embrapa é preciso entrar em contato com a Supervisão de Curadorias da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia por meio do endereço: cenargen.sac@embrapa.br, pelos telefones (61) 3340-3663 ou 3448-4770, via carta ou comparecimento à Unidade, localizada no Parque Estação Biológica (PqEB), na Av. W5 Norte (final)
Caixa Postal 02372 – Brasília, DF - Brasil - 70770-917. Os pedidos também podem ser feitos diretamente nas unidades descentralizadas da Embrapa. É importante comunicar as solicitações à representante da Embrapa no Convênio de Cooperação com a Funai, Terezinha Dias, pelo e-mail: terezinha.dias@embrapa.br

 



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Website: http://www.embrapa.br

Published: November 29, 2013

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