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Brasil - O poder da soja geneticamente modificada


Brazil
June 16, 2014

Os transgênicos chegaram ao Brasil pela porta dos fundos e hoje são uma realidade. Polêmicas à parte, a tecnologia chegou timidamente, em meio a vários movimentos ambientais. Mas, em busca de um manejo mais eficiente e de uma maior produtividade, os alimentos geneticamente modificados ocupam quase todas as lavouras do Brasil. E a soja ganha lugar de destaque na adoção da biotecnologia agrícola. É o que mostra um levantamento feito pela consultoria Célere. A oleaginosa transgênica ocupou 91,8% da área plantada na temporada 2013/2014, em 27.4 milhões de hectares de uma área total de 29,86 milhões de hectares.

Os números representam um crescimento de 11%, em relação à safra passada. O levantamento revelou, ainda, que a soja com capacidade de tolerar ao herbicida respondeu por 25 milhões de hectares. E pouco mais de 2 milhões de hectares foram plantados com a oleaginosa com tolerância ao herbicida e resistente a insetos. A Célere concluiu que a comparação entre as tecnologias convencional e transgênica torna-se inviável, pois a convencional não é mais o padrão utilizado pelo agricultor brasileiro, exceto para a cultura do algodão, na qual a tecnologia convencional ainda é atrativa.

O pesquisador Paulo Fernando Vieira, da Embrapa Meio-Norte, diz que o Piauí acompanhou o ritmo do Brasil e que a maior área plantada é com soja transgênica: “Como ainda tem muita abertura de novas áreas de plantio no Piauí, alguns produtores ainda podem usar cultivares convencionais nessas condições, pela rusticidade de algumas variedades tradicionais. Porém na maior parte das áreas, são utilizadas cultivares transgênicas, pois facilitam o controle de plantas daninhas”.

O pesquisador atribui esse avanço na biotecnologia ao custo benefício para os agricultores: “Se a soja convencional tivesse preço diferenciado, alguns produtores do Piauí e do Maranhão poderiam voltar a produzir esse tipo de soja. No Mato Grosso existe um programa chamado “Soja Livre”, que consegue intermediar a produção de soja convencional para vender no mercado europeu, pagando um valor maior ao produtor, do que se ele produzisse soja transgênica. Já a soja transgênica RR passou a ser interessante para o produtor, pois ele não pagará mais taxa tecnológica, já que a patente expirou. Só pagará royalty quem produzir o novo tipo de soja transgênica que combina tolerância a herbicida com resistência a inseto”, acrescenta.

Muita gente tem curiosidade de saber se a soja modificada geneticamente diferencia no sabor, em relação ao grão cultivado de forma orgânica. E levamos esse questionamento para o Paulo Fernando Vieira, que respondeu o seguinte: “Pode haver diferença no sabor, não pela transgenia, e sim pela diferença varietal. Para cultivar soja de forma orgânica é necessário que haja maior preço para o produtor, pois o custo é muito mais alto. Portanto ela deve ser de um tipo especial, como soja para alimentação humana. Se a soja cultivada de forma orgânica for para alimentação humana, as variedades dessa soja são de um tipo especial: grãos grandes, redondos e hilo claro são as principais características. Já a soja convencional (sem nenhum evento transgênico) e transgênica, normalmente cultivadas pelos produtores, não precisam ter essas características. E, portanto, podem ter sabores totalmente diferentes”, explica.

Mas, nem tudo é só maravilha... A soja transgênica apresenta algumas desvantagens que precisam de jogo de cintura do produtor para evitar transtornos. O pesquisador da Embrapa diz que as desvantagens acontecem dependendo do evento que foi manipulado: “Uma desvantagem aparente é o preço que o produtor paga na semente e o que ele recebe na venda do grão produzido por ele. A soja transgênica costuma ser mais cara, principalmente nos novos eventos. A nova soja transgênica resistente a insetos está sendo adquirida por um preço 3 vezes mais caro do que de cultivares tradicionais. E na hora de vender a produção, a soja convencional em alguns Estados, é mais cara do que a transgênica. Porém, para isso é necessário que o armazém mantenha essa soja separada da transgênica e que o produtor entregue também separado sua produção convencional. Ademais pela soja transgênica o produtor também paga royalties (taxa tecnológica) que pode ser paga antecipadamente na compra da semente, ou se ele não declarar que seu campo é transgênico, será cobrado, com multa, na hora que ele vende o grão. Portanto, para saber se vale a pena semear, a tecnologia é fundamental fazer as contas da relação custo benefício”, alerta Paulo Fernando Vieira. Outra desvantagem teórica é o surgimento de plantas resistentes aos herbicidas ou insetos resistentes aos inseticidas do princípio ativo da transgenia. Porém isso não é decorrente da tecnologia e sim do seu uso, diz o pesquisador. Toda vez que o mesmo princípio ativo for utilizado continuamente, a evolução prega que o organismo a que ele combate ou muda ou desaparece.

No ponto de vista de Paulo Fernando Vieira, os benefícios dessa biotecnologia superam as desvantagens: “Existem vários eventos transgênicos, cada um com suas peculiaridades. Cada empresa tem uma linha de inovação do que está tentando desenvolver ao longo do tempo, chamada em inglês de pipeline. O leitor curioso pode escrever no google pipeline, traits, e o nome da multinacional que será direcionado para as novas tecnologias que cada empresa está desenvolvendo atualmente. No início, o foco foram características agronômicas que visem facilitar a vida do produtor, mas que usem produtos da própria empresa, como soja tolerante a herbicida. No futuro teremos soja com óleo mais nobre, semelhante ao azeite de oliva, e outros usos direcionados a alimentação humana direta. No Brasil, na soja, só temos duas tecnologias sendo comercializadas atualmente: Soja tolerante a herbicida e soja tolerante a herbicida mais resistente a insetos”.

No Piauí, todas as regiões produtoras adotaram a tecnologia transgênica. A Embrapa trabalha com todas as tecnologias transgênicas atuais e mais uma nova desenvolvida em parceria com a BASF, que pode disponibilizar soja transgênica a um herbicida diferente do que existe no mercado. O sucesso da adoção dessas tecnologias, além de boas cultivares, também depende do produto que será comercializado simultaneamente. Nesse caso, o herbicida deve ser desenvolvido junto com as cultivares e terá que ser tão eficiente ou melhor do que outros disponíveis. A Embrapa busca novas possibilidades que podem beneficiar os produtores, mas que não teriam tanto apelo comercial das grandes empresas, como transgenia para resistência a doenças ou tolerância a estresse hídrico. Porém, segundo Paulo Fernando Vieira, esses trabalhos ainda estão em níveis muito preliminares.

A transgenia é uma nova realidade na agricultura. Nem toda tecnologia pesquisada nas fases iniciais pode ser implantada no campo, pois, na prática, o gene pode não ter o efeito desejado. “Como são feitos muitos testes, todos fiscalizados e analisados por um órgão multidisciplinar chamado CTNBio, as tecnologias aprovadas para serem comercializadas no Brasil passaram por diversos testes antes da aprovação final. Enquanto na soja só temos dois eventos sendo comercialmente explorados, embora um deles já com a patente vencida, ou seja comercializado a mais de 10 anos, no milho, mais de 10 eventos já foram aprovados para serem testados no campo”, conclui o pesquisador Paulo Fernando Vieira.
 



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Website: http://www.embrapa.br

Published: June 16, 2014

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