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I Encontro de Viveiristas no Rio Grande do Sul
Palestra I - Como obter mudas de alta qualidade por meio da nutrição
Palestra II - Mudas enxertadas com qualidade
Palestra III - Mudas sem doenças: prevenção e proteção 
Depoimentos - I Encontro de Viveiristas do Rio Grande do Sul


Brazil
November 3, 2014

O I Encontro de Viveiristas do Rio Grande do Sul, realizado pela Associação Brasileira do Comércio de Sementes e Mudas (ABCSEM), aconteceu em outubro, na cidade de Caxias do Sul (RS). O evento reuniu um público de 70 pessoas, entre viveiristas, profissionais da indústria sementeira, pesquisadores e demais profissionais da área, que tiveram a oportunidade de conhecer exemplos inovadores e as principais tendências para o segmento. 
 
Com foco na produção de mudas, o evento promoveu a capacitação e atualização dos produtores de mudas de hortaliças quanto à produção de mudas de alta qualidade por meio da nutrição, mudas enxertadas com qualidade e mudas sem doenças.
 
 
De acordo com o secretário executivo da ABCSEM, Marcelo Pacotte, a realização do 8º Encontro de Viveiristas promovido pela Associação, sendo esta, a primeira edição no estado do Rio Grande do sul, demonstra claramente o interesse da ABCSEM em cada vez mais, de se aproximar dos produtores rurais de todos os estados do país, os quais são fundamentais para cadeia produtiva e, objetivando a excelência na produção de mudas, fora estruturada uma programação para este evento, visando a transmissão de conhecimento, através de profissionais experientes e reconhecidos pelo setor. Paralelamente, o evento serve para o estímulo de relacionamento entre os próprios integrantes da cadeia produtiva, estreitando laços e fortalecendo cada vez mais o setor.
 
Na ocasião, Luís Eduardo Rodrigues, membro do Comitê Técnico da ABCSEM, salientou que os viveiristas terão que se adequar à rastreabilidade e aos processos de identificação, isto porque ao longo dos próximos anos haverá uma adequação dos viveiros no Brasil quanto às novas exigências do setor. “Não há dúvidas de que os viveiros que são mais profissionalizados conquistam melhor espaço de mercado e a tendência é a eliminação de viveiros que não se adequarem às regras de sanidade e rastreabilidade”, afirmou. 
 
A programação do evento contemplou debates e palestras sobre os seguintes temas: Como obter mudas de alta qualidade por meio da nutrição; Mudas enxertadas com qualidade; Mudas sem doenças: prevenção e proteção. 
 
O I Encontro de Viveiristas do Rio Grande do Sul foi patrocinado pelas empresas: TopSeed Premium, Sakata Seed Sudamerica, Feltrin Sementes, Tecnoseed Sementes, Takii do Brasil, Syngenta, Isla Sementes, HM Clause, Compo Fertilizantes e INCOTEC. 

Palestra I - Como obter mudas de alta qualidade por meio da nutrição

De acordo com Pedro Furlani, engenheiro agrônomo e sócio da consultoria agrícola Conplant, a produção de uma muda de qualidade reúne quatro principais componentes: material propagativo; meio de crescimento (substratos e recipientes de cultivo); ambiente protegido; e manejo adequado (fitotécnico), irrigação e nutrição. Dentre estes, “o principal componente na produção de mudas é o substrato”, afirmou ele durante palestra que ministrou no evento sobre “A obtenção de mudas de alta qualidade por meio da nutrição”. 

O substrato é considerado todo material diferente do solo, natural, sintético ou residual, mineral ou orgânico, que desempenha um papel de suporte para a planta, além de suprir água e nutrientes, permitindo trocas gasosas para as raízes. Pode ser quimicamente ativo e intervir no processo de nutrição mineral da planta ou inerte e não intervir neste processo. 

Conforme apontou o especialista, os substratos devem apresentar:

  • Alta capacidade de retenção de água
  • Alto espaço de aeração sob estado de saturação hídrica
  • Estabilidade de estrutura ao longo do tempo
  • Boa capacidade de tamponamento contra alterações de pH
  • Ausência de pragas e agentes patogênicos. 
  • Ausência de substâncias inibidoras de crescimento ou prejudiciais à planta
  • Ter sempre o mesmo comportamento a um determinado manejo (não possibilita drenagem espaço de aeração diminuiu, não pode ficar compacto, nem encharcado.)
  • Permitir o armazenamento
  • Boa capacidade de reidratação após secagem
  • Previsão dinâmica de nutrientes
  • Pequena atividade biológico para que ele permaneça estável dentro do período de utilização. 

“Dentre as características físicas importantes, o substrato deve ter um espaço poroso total e água facilmente disponível, porque a capacidade de retenção de água do substrato é diferente do solo”, destaca Furlani. Ainda segundo ele, a produção em substrato é um tipo de cultivo protegido e semi-hidropônico – porque não há solo e sim um meio artificial em que a quantidade de nutrientes é muito pequena e, por isso, demanda manejo nutricional mais eficiente. 

O especialista alerta que um programa de adubação em substratos deve considerar as seguintes etapas: conhecer a água usada, por meio de análises químicas para ver se está adequada ao uso, a fim de evitar contaminação da produção, bem como identificar se é alcalina ou ácida e providenciar a correção necessária do pH; conhecer o substrato, para saber se ele é adequado àquela cultura específica e se requer um tratamento diferenciado; conhecer bem as características da planta; proceder às adubações e monitorar o sistema.

Para ele, as soluções nutritivas devem propiciar que os macro e micronutrientes sejam disponibilizados de tal forma que permitam à planta absorver e se beneficiar desta nutrição. “Quanto mais inerte o substrato, maior será a eficiência do nutriente aplicado, porque não terá perdas de nutrientes”, afirma. 

Contexto da nutrição de plantas e critérios importantes 

De acordo com Furlani, ainda não temos no Brasil uma base de dados para montagem de tabelas de adubação em substratos como existem para os cultivos em solo de diferentes regiões. Já em países onde o cultivo protegido está bem desenvolvido, existe muita tecnologia disponível, como na Holanda, por exemplo. Como os substratos não possuem reservas de nutrientes ou capacidade de fornecimento, é necessário realizar um programa de fertirrigação, aplicando uma solução completa de nutrientes (macros e micronutrientes), com monitorando e ajustes constantes.

Uma solução nutritiva tem dois pontos importantes: a qualidade, que se refere às relações entre íons, apropriadas para a planta nos seus estágios de desenvolvimento; e a quantidade, que se trata da concentração de sais totais ou condutividade elétrica (potencial osmótico). Contudo, Furlani ressalta que não existe uma solução nutritiva ideal para todas as culturas, pois ela varia de acordo com alguns fatores, tais como: a espécie de planta cultivada; época do ano; fatores ambientais (luz, temperatura); além de aspectos intrínsecos à solução que alteram sua composição. 

Confira, abaixo, alguns dos principais questionamentos dos participantes sobre o tema feitos ao palestrante Pedro Furlani: 

Mudas em maior quantidade, porém em menor tamanho do que o padrão, têm consequência negativa para a produção?  

Temos visto em alguns trabalhos que o tamanho da célula não tem tanta interferência na produção, apenas no início do desenvolvimento da planta, devido à sua precocidade, mas no decorrer da produção não, desde que bem manejada. 

Como deve ser feita a escolha do fornecedor e o armazenamento do substrato?

O substrato não foi feito para ser armazenado, deve apenas ser acondicionado para preparo e uso sequencial rápido. Além disso, é preciso escolher um bom fornecedor de substratos, pois, muitas vezes, o substrato já vem com erva daninha. Contudo, um fator positivo é que a crescente competição neste segmento está favorecendo cada vez mais a oferta de substratos no mercado. 

Qual a importância da troca do solo pelo substrato na produção de mudas?

O sério problema fitossanitário de solos contaminados foi o principal ponto que motivou a busca de um material alternativo. Isto somado ao fato de que o substrato pode ser transportado de forma mais fácil e rápida e de que alguns tipos de substratos permitem a correção da adubação a curto prazo, enquanto que no solo, isso não é possível. 

Como realizar um bom processo de fertirrigação adequado aos diferentes portes de viveiristas?

Cada viveirista tem que ver o que é melhor e mais econômico para ele e adotar as alternativas viáveis à sua realidade, aos poucos. Os pequenos viveiristas podem adotar uma solução pronta, disponível em tanque de mil litros, por exemplo, preparada de acordo com a necessidade de cada um. Neste sentido, as próprias revendas de sementes podem orientar na produção do conteúdo da solução concentrada no que se refere às informações sobre quantidade, componentes e aplicação. Já os grandes viveiristas poderão adotar sistemas automatizados bastante eficientes para realizar a fertirrigação, quando comparados às formas tradicionais (chuveiro, regador ou aspersor), usando as tecnologias disponíveis para a aplicação de fertilizantes, dentre elas, a barra de pulverização e de nebulização.


Palestra II - Mudas enxertadas com qualidade

Em palestra proferida sobre “Mudas enxertadas com qualidade”, Sebastião Azevedo, coordenador de melhoramento genético do tomateiro da Sakata Seed Sudamerica, destacou que a enxertia tem como principais objetivos: promover a produtividade; a resistência a doenças de solo; a qualidade da planta, frutos e raízes; a precocidade, a longevidade da colheita e um maior sistema radicular, que varia de acordo com o porta-enxerto, podendo ser mais forte ou normal. 

Dentre as principais hortaliças enxertadas estão: pimentão, pepino, tomate, berinjela e jiló. Segundo ele, em pepinos, a enxertia proporciona resistência a patógenos de solo, como fusarioses e bactérias, e melhor qualidade dos frutos, com mais brilho. Já em pimentão, a enxertia promove a resistência a patógenos de solo, como nematoides, entre outros, e o aumento do peso e espessura do fruto, refletindo também na melhoria da qualidade do produto. 

Em ambos os casos, o uso de porta-enxerto promove aumento do vigor das plantas, prolongando seu período de colheita e sua produtividade, bem como melhorias no seu aproveitamento de água e nutrientes, por meio de um sistema radicular mais eficiente. 

Enxertia em tomateiro: contexto mundial e benefícios

Azevedo explica que a enxertia em tomate no Brasil possui uma importância direta e real no que se refere à resistência à murcha bacteriana, causada por Ralstonia solanacearum, mas também agrega benefícios potenciais, como vigor, produtividade e outras resistências. Já em outros países, conforme aponta o especialista, os benefícios buscados com a enxertia em tomate se referem ao vigor das plantas, produtividade, colheitas de longo ciclo, tolerância à variação de temperatura, à salinidade e ao estresse hídrico, bem como controle de patógenos de solo e maior qualidade de frutos. 

No Brasil, a murcha bacteriana é um dos grandes problemas na produção do tomate, ocorrendo em altas temperaturas e em condições de alta umidade. Há algumas alternativas para evitá-la, dentre as quais mudar o local de cultivo, plantar em substrato esterilizado e realizar irrigação por gotejo com água de qualidade. Contudo, “o uso da enxertia é a melhor solução, isto porque, para se desenvolver, uma doença precisa de três fatores – patógeno, ambiente e hospedeiro, que neste caso é o tomate, sendo este último fator o mais eficaz de controle”, explica. 

Dados mundiais do uso de porta-enxerto em tomate

No Japão, 68% dos tomates produzidos em estufas e 30% dos tomates produzidos em campo aberto possuem enxertia. Na Espanha, mais de 52 milhões de plantas são enxertadas. Na Itália e Holanda são 43% e no México são 40%, locais nos quais a enxertia está em crescimento, enquanto que no Marrocos, a técnica já está presente em quase 90% da produção. Já no Brasil, houve um grande aumento do uso de porta-enxerto em tomateiro, saltando de 700 mil em 2011, para 1,5 a 2 milhões de plantas enxertadas em 2013. 

Fatores importantes para sucesso de enxertia

Segundo Azevedo, há alguns fatores que devem ser levados em consideração para a realização da enxertia: o porta-enxerto deve ser semeado antes da cultivar que será enxertada; a luminosidade também deve ser reduzida (a 50% ou mais); já a temperatura ideal após enxertia deve ficar entre 15°C a 30°C; e a umidade relativa do ar entre 80% a 90%, com controle efetivo da irrigação para que não haja excesso ou falta de água. A assepsia também é fundamental neste processo, já que as bancadas, mãos e luvas devem estar bem limpas, bem como o substrato esterilizado e a água em condições adequadas para evitar a contaminação das mudas. Outros fatores a serem observados é a altura da enxertia, o uso de clipe ou prendedor próprios, molhar as mudas antes de fazer a enxertia, checar a compatibilidade entre espessuras de caule, entre outros.

Confira, abaixo, alguns dos principais questionamentos dos participantes sobre o tema feitos ao palestrante Sebastião Azevedo:

Diante do contexto de escassez de água que até mesmo o Brasil tem enfrentado nos últimos meses, a produção de tomate com menor quantidade de água seria alternativa viável?

Há sim a possibilidade de produzir uma planta com resistência ao estresse hídrico ou que reduza a necessidade de água para se desenvolver. Existem espécies selvagens que comprovadamente exigem pouca ou quase nada de água para sobreviver. Para atender às novas demandas, sobretudo considerando a realidade atual de redução de água que o País tem apresentado, esta seria uma excelente alternativa, e o setor já está investindo em pesquisas de melhoramento genético neste sentido.  

A produtividade obtida com a enxertia se dá por meio do tamanho e também do pegamento de frutos? Em tomate, promove a deformidade de alguns frutos?

A busca pelo vigor ocorre principalmente por meio de porta-enxertos interespecíficos (entre espécies diferentes). No pimentão, a produtividade pode ser identificada no aumento do ciclo de colheita, da quantidade, tamanho e peso dos frutos, além da qualidade de espessura de parede. Os tomates tendem a crescer mais, apresentando tamanho maior e prolongamento da colheita, porque a planta está mais vigorosa, mantendo bom sabor e boa coloração. A deformação em si é uma característica genética, então, as variedades de tomate que geneticamente não possuem esta característica, como os tomates do segmento normal (salada e italiano) não apresentarão deformidade com a enxertia. 

Enxertia entre espécies é transgenia?

O cruzamento interespecífico (entre espécies diferentes) possui sistema radicular maior do que o intraespecífico (entre espécies iguais), então o resultado é uma interação genética e também fisiológica, uma vez que sua condição genética favorecerá boas condições fisiológicas para seu desenvolvimento. Porém, este método não é transgenia, já que embora seja realizado entre espécies diferentes, mantém o mesmo gênero. 

O uso do porta-enxerto é válido para inibir a murcha bacteriana mesmo em campo aberto?

Esta doença é bastante problemática em alguns locais, como a Serra da Ibiapaba, no Ceará, e também nos estados do Tocantins e Pará, porque são regiões muito quentes. No sudeste e no sul, o produtor troca de área de cultivo para evitar este problema, porém na serra não há muita alternativa. Usar porta-enxerto em campo aberto é possível, contudo, é necessário fazer a desbrota e evitar o respingo de água durante a irrigação, utilizando o gotejo, a fim de que não haja a transmissão da doença via aérea. Creio que a técnica será bastante eficiente para campo aberto, mas o produtor tem que ter muita orientação para realizar o manejo adequado.

É possível inserir um porta-enxerto durante a produção da planta para prolongar o ciclo produtivo?

No caso do pimentão e do tomate, por possuírem um curto ciclo de produção, compensaria fazer uma nova enxertia mais eficiente e descartar a antiga, do que realizá-la durante a produção. Porém, como o tomate possui fácil pegamento e cicatrização, seria possível podá-lo e fazer a enxertia durante a produção, ele vai pegar normalmente e produzir. 


Palestra III - Mudas sem doenças: prevenção e proteção 

Durante a palestra “Mudas sem doenças: prevenção e proteção”, a especialista em fitopatologia da consultoria Conqualy, Evelyn Araújo, destacou que “a muda tem um papel fundamental na obtenção de uma planta bem formada e sadia. Além disso, a qualidade sanitária das mudas está diretamente relacionada à integração de processos no manejo”. Isto porque, segundo ela, a falta de sanidade na produção de mudas pode propiciar a morte precoce das plantas; a introdução de patógenos em áreas isentas; a antecipação de epidemias; o aumento de custo no manejo de doenças; diminuição do estande, produção e rendimento da planta. Assim, de acordo com Evelyn, “a adoção de medidas de prevenção contribuirá para evitar a entrada de patógenos e controlar possíveis focos já existentes, sendo a forma mais eficiente, pois uma vez instalada a doença, é difícil seu controle no campo e também no próprio viveiro”. 

Os patógenos possuem diversas origens, dentre as quais: sementes (em especial as F2); mudas; substratos; água (da chuva e irrigação); ar (os fungos, sobretudo); ferramentas (falta de higienização); plantas daninhas (reservatórios de patógenos); solo (por meio de calçados e recipientes); mãos (falta de assepsia) e insetos vetores. Já as doenças em mudas podem ser: bióticas (infecciosas), causadas por bactérias, fungos, nematoides e vírus; ou abióticas, causadas por fatores relacionados ao ambiente, como estresse, umidade, temperatura, etc. Contudo, como muitas vezes os sintomas são parecidos, Evelyn alerta que é preciso que haja um controle efetivo dos fatores de produção, a fim de facilitar o diagnóstico correto da origem do problema. “É fundamental ter conhecimento dos patógenos-alvos; dos métodos de detecção e tratamento, além de estabelecer uma política de prevenção”, aconselha. 

Entre os vários itens e procedimentos a serem adotados, visando à sanidade na produção de mudas, apontados por Evelyn, estão: utilização de sementes isentas de patógenos; manipulação de substratos em locais limpos; desinfecção de mãos; ferramentas e recipientes; utilização de água de irrigação de qualidade; uso de telas nas estufas; eliminação de plantas invasoras; controle de entrada de pessoas nos viveiros; limpeza dos viveiros (utilizar piso concretado, de brita ou de ráfia para facilitar a higienização); local para descarte de mudas, substratos e restos de cultura (como caixas d’água ou tambores), com incineração semanal; além do registro e histórico das operações. Além disso, deve-se ter um manejo adequado da irrigação, proporcionar a circulação de ar e manter uma nutrição equilibrada, pois os nutrientes fazem parte do mecanismo de defesa das plantas. 

Confira, abaixo, alguns dos principais questionamentos dos participantes sobre o tema feitos à palestrante Evelyn Araújo: 

Qual é o panorama da produção de mudas de hortaliças orgânicas atualmente?

Fora do país ainda é um mercado tímido, mas existe uma tendência de crescimento, porque muitos produtos químicos estão saindo do mercado, devido aos impactos que causam tanto ao meio ambiente, quanto aos polinizadores. Assim, com isso, abre-se um mercado oportuno para os orgânicos. Como no passado os preços dos orgânicos eram abusivos, o mercado refreou o consumo, mas há uma tendência de retomada em função da demanda. Já no Brasil, acho que a curto prazo não haverá mudança, pois ainda precisamos organizar muito a produção de mudas convencionais, antes que se organize a produção orgânica. 

Quais os reflexos da relação entre as empresas e os viveiristas do exterior em prol da qualidade das mudas e da horticultura?

Nos últimos anos, no exterior, aconteceu uma aproximação entre as empresas de sementes e os viveiristas, justamente por conta dos problemas que apareceram principalmente nas culturas de tomate da França e Holanda. Na busca por soluções para esta questão, empresas sementeiras e viveiristas, holandeses e franceses, se uniram para criar conjuntamente um sistema de acreditação, denominado Good Seed and Plant Practices, que determina boas práticas de produção de sementes e mudas, no qual todas as etapas da produção de sementes e mudas eram certificadas e auditadas. Uma experiência muito válida para o compartilhamento de informações. 

Como você vê a evolução do viveirista de anos atrás para a atualidade, em termos de tecnificação e profissionalização do setor?

Eu acho que isso varia de região para região. Mas acho que o que ajuda a impulsionar o mercado é o cliente final, é a sua exigência. Para ser competitivo é preciso investir no negócio identificando os pontos fracos, traçando metas e revisando os processos. O que é interessante é a conscientização de que o viveiro é uma empresa, por isso, os viveiristas devem priorizar além da boa estrutura e manejo adequado, também a organização, a profissionalização e a sustentabilidade do negócio, com visão empreendedora de diferenciação e melhoria dos produtos ofertados.


Depoimentos - I Encontro de Viveiristas do Rio Grande do Sul
 
Confira, abaixo, os depoimentos de alguns dos participantes do I Encontro de Viveiristas do Rio Grande do Sul, realizado em outubro pela ABCSEM. 
 
“Minha expectativa neste evento foi a de saber mais sobre a tecnologia de enxerto, pois é o terceiro ano que estamos adotando esta técnica em nosso viveiro e meu interesse é difundir ainda mais essa tecnologia, bem como as informações sobre nutrição de plantas. Venho acompanhando o setor de hortigranjeiros desde os anos 80, mas é sempre bom agregar mais conhecimento e este evento está sendo extremamente importante para obter resultados ainda melhores em minha atividade. Além disso, o trabalho que a ABCSEM vem fazendo no sentido de agrupar o setor é fundamental, pois precisamos no unir para sanar os problemas e entender a nova realidade das tendências de consumo, que esta cada vez mais exigente” – Darci Francisco D'Agostini, proprietário do Viveiro D`Agostini de Mudas de Hortaliças e Plantas Ornamentais em Erechim (RS).
 
 
“Minhas expectativas em relação ao evento foram supridas. Palestras como a do Pedro Furlani agregam informações fundamentais para todos nós viveiristas e contribuem para a tecnificação. De forma geral, os viveiristas carecem de exemplos sobre o que pode ser feito, devido à falta de informação existente no segmento, por isso é importante conhecer o que é correto para a realidade de cada um. A questão da gestão dos viveiros é outro tema muito interessante e importantíssimo para o negócio, como as planilhas de custos e de adubação, por exemplo, além das tendências de mercado” – Deiverson Matos Mendes, do Sítio Vida Nova, em Campo Bom (RS). 
 

“Meu objetivo neste evento foi o de obter informações gerais, mas principalmente sobre enxertia, porque estamos experimentando e fazendo testes em nosso viveiro e ainda não temos muito conhecimento sobre este assunto, que é importante para melhorar a qualidade das mudas. Infelizmente, um dos grandes problemas enfrentados pelos viveiristas da região são as perdas, ocasionadas principalmente pelo clima, seja por excesso de calor ou estiagem. Isto porque, muitas vezes, estamos com a muda pronta e o produtor não tem condições de comprá-la, pois perdeu dinheiro na última lavoura e não conseguirá investir na próxima safra. Com isso, nós acabamos perdendo mudas sadias e boas por não conseguirmos escoar. Outro entrave é que, às vezes, mudas de qualidade, produzidas com manejo adequado, não obtêm bom resultado na produção a campo, devido à falta de informação sobre o manejo correto ou às condições climáticas também” – Eliseu Garbim – sócio do Viveiro Hortimudas, em Nova Bassano (RS).
 
 
“Já participei de vários encontros de viveiristas, mas este teve uma ampla abrangência e os temas abordados foram excelentes. Acho que o mais difícil hoje para os viveiristas é lidar com o clima e com as diversas doenças que afetam as culturas, por isso, um dos principais desafios é estar por dentro das novas tecnologias disponíveis, que estão sempre mudando e exigem atualização. É preciso ter muito cuidado e zelar pela qualidade e pelos detalhes de cada aspecto da produção de mudas. Acredito que o futuro será o cultivo protegido e os viveiros precisarão ter o preparo necessário para estas mudanças e novas tendências” – Oscar Francisco Todeschini, proprietário do Viveiro Todeschini, em Nova Bassano (RS).
 
 
“Presto assistência para os viveiros de hortaliças da região e participei do evento com a expectativa de conhecer novas ideias, obter mais informações sobre a parte de enxertia, que está começando a ser feita agora aqui no estado e, também, sobre a nutrição de plantas. Isto porque, além do desafio da falta de mão de obra, que é um problema generalizado no setor, ainda temos muito a desenvolver em nutrição, pois são muitas espécies misturadas, cada uma tem as suas exigências e não se consegue fazer essa nutrição de forma separada nos viveiros. Então está muito difícil achar um equilíbrio, pois falta informação para este segmento, já que os dados disponíveis na literatura sobre nutrição vegetal são mais voltados à planta adulta e não às mudas em si, que exigem critérios específicos” – Poleto Ferreiro, proprietário do Viveiro Sítio Vida Nova, em Campo Bom (RS).
 
 
“Encontros como este são um momento no qual podemos nos inspirar em outros exemplos, descobrir que existem mais recursos e possibilidades para o nosso negócio, além de identificar oportunidades de crescimento. Ao mesmo tempo, também, nos permite conhecer o que os colegas do setor estão fazendo, quais praticas estão adotando, uma troca de informações muito válida. Acredito que, atualmente, um dos grandes desafios em nossa área seja a falta de conhecimento, principalmente em gestão. Precisaríamos ampliá-lo, tanto para os viveiros, quanto para os clientes que compram as mudas e plantam, para aumentar a eficiência da produção e melhorar o uso dos recursos. Ainda está faltando no setor um despertar das pessoas sobre a importância de estudar e ter acesso ao conhecimento, o que certamente faz toda a diferença” – Satoshi Suzuki – proprietário do Viveiro S. Suzuki Viveiro de Mudas, em Ivoti (RS).


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Published: November 3, 2014

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