Brazil
May 30, 2015
Source: ABRATES em Foco
A possibilidade de elevar o padrão mínimo legal de germinação de sementes de soja de 80% para 85% pode ser uma importante alternativa para buscar o aumento da qualidade do produto oferecido, bem como o da produtividade da soja no país. A discussão foi levantada pela Associação dos Produtores de Sementes de Mato Grosso (Aprosmat) e pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (APROSOJA/MT) durante recente reunião da CSM-MT (Comissão de Sementes e Mudas do Estado do Mato Grosso).
A mudança, que seria pioneira em todo o mundo, é resultado da observação dos padrões de produção, em especial das condições climáticas que impactaram a safra 2014/15 na região do MT, quando um período de estiagem acabou retardando a semeadura, o que obrigou alguns produtores a armazenarem as sementes já compradas em suas propriedades. Como consequência do estresse dessas condições de armazenagem inapropriadas, as sementes apresentaram um padrão de germinação abaixo do esperado.
A ABRATES tem apoiado e incentivado a discussão sobre o tema, uma vez que a elevação do padrão da qualidade fisiológica das sementes apresentaria vantagens e segurança tanto ao setor produtivo de sementes, quanto aos seus usuários, os sojicultores.
“Lavouras de soja originadas de sementes de alto vigor resultam em uma população de plantas de alto desempenho, que, em número adequado e com distribuição uniforme, terão um maior potencial produtivo. Dados de pesquisa comprovam que a nível de parcelas experimentais, pode-se obter aumentos de produtividade variando de 25% a 35% somente pelo uso de sementes de alto vigor. Ao nível de campo, em condições de lavouras comerciais, têm-se observado aumentos de produtividade de até 10% a 12%, com o uso de sementes vigorosas”, explica o Presidente da ABRATES e pesquisador da Embrapa Soja, José de Barros França Neto.
Para o coordenador da CSM-MT, José Silvino Moreira Filho, Fiscal Federal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), um padrão elevado traria avanços para o Estado do Mato Grosso e todo o país. “A agricultura é a principal atividade econômica do Estado, sendo imprescindível para o desenvolvimento que esteja bem. Mato Grosso é grande exportador de commodities, é pioneiro e vem se destacando pelo uso de tecnologia de ponta com custos de produção bastante elevados. Acho que é neste sentido, de busca por índices cada vez melhores, que se encaixa a proposta do segmento sementeiro de soja, abrindo a discussão para busca de avanços da agricultura nacional”, explica José Silvino.
Outro aspecto da mudança a ser considerado seriam os impactos econômicos. “Resumindo, a grandeza e a importância da soja podem ser constatadas pelo que representa nas exportações brasileiras e no consumo doméstico. Representa 12% de todas exportações do país e entra com mais de 25% na composição das rações para frango, suíno e bovinos”, afirma o Professor Silmar Peske da Universidade Federal de Pelotas.
Esse possível aumento do padrão de germinação será submetido pelo Dr. André Felipe C. Peralta da Silva, Coordenador Técnico de Sementes e Mudas do MAPA, a todas as CSM dos estados onde se produz sementes de soja, para que seja discutido e votado. Uma vez que esse padrão, se implementado, deverá ser adotado nacionalmente.
O pedido de alteração segue em andamento junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para que a norma seja modificada em âmbito federal. Enquanto a mudança não é oficial, os sementeiros de soja do Mato Grosso, através da Aprosmat, firmaram acordo entre si, durante a última assembleia da entidade, de não comercializarem sementes de soja com padrão de germinação abaixo de 85%.
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