Brazil
January 24, 2007
A partir de 26 de fevereiro, dez
mil cartilhas com instruções sobre produção de sementes
começarão a ser distribuídas pela
Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, a associações de
agricultores familiares, inclusive de assentamentos da reforma
agrária, extensionistas e representantes de ONGs da região
Nordeste do país.
O material foi elaborado pela Gerência de Sementes e Mudas da
Embrapa Transferência de tecnologia, com apoio dos Escritórios
de Negócios da Empresa em Sete Lagoas/MG e de Goiânia/GO. A
produção do material didático é parte de convênio firmado entre
a Empresa e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para o
Programa Fome Zero.
As oficinas em que as cartilhas serão entregues marcam o
encerramento da primeira etapa do projeto e serão ministradas
entre os dias 26 de fevereiro e 2 de março, nas unidades da
Embrapa em Aracajú, Petrolina, Sobral e Imperatriz,
especialmente junto a comunidades em que a empresa vem atuando.
No entanto, demais comunidades que desejem participar das
oficinas poderão se inscrever em data a ser divulgada.
Produção e planejamento de sementes
De acordo com o coordenador do projeto, pesquisador da Embrapa
Transferência de Tecnologia, Alberto Alves de Santana, o
objetivo do material didático é instrumentalizar técnicos de
assistência técnica e extensão rural, líderes de associações de
agricultores familiares e representantes de Ongs no uso de
tecnologia de produção de sementes e no planejamento e
organização de Unidades Coletivas de Produção de Sementes.
A maioria dos pequenos agricultores utiliza grãos da colheita do
ano anterior, selecionados com emprego de processos passados de
geração para geração para produção da semente, resultando em
baixos retornos. Já o uso de sementes de melhor qualidade pode
significar aumento de produtividade das lavouras, redução de
custos, e até mesmo a comercialização do excedente da produção.
É o que já fazem os agricultores dos assentamentos Carlos
Lamarca, em Simão Dias, e Santo Antônio, em Carira, ambos no
Estado de Sergipe. Animados com os resultados obtidos a partir
da produção de sementes em conjunto com a Embrapa e o Deagro-SE,
os agricultores começam a ser movimentar para criar uma
associação e viabilizar a comercialização das sementes
multiplicadas coletivamente.
Segundo adianta o gerente-geral da Embrapa Transferência de
Tecnologia, José Roberto Rodrigues Peres, a idéia é que a
Empresa passe a contratar também associações de agricultores
familiares para produção de sementes básicas, “desde que atendam
aos pré-requisitos da Lei de Sementes e sejam credenciados junto
ao Ministério da Agricultura”, explica.
Resultados
O treinamento de 250 técnicos e agricultores familiares na
tecnologia de multiplicação de sementes resultou na produção de
nove toneladas de sementes (quatro de feijão e cinco de milho)
nos assentamentos da reforma agrária alcançados pelo projeto,
beneficiando cerca de mil famílias. Com esse quantitativo de
sementes será possível plantar uma área de 4.500 hectares.
Segundo Alberto, os agricultores de Sergipe compravam sementes
de milho provenientes de Minas Gerais por um custo médio de 12
reais o quilo. A partir da ação da Embrapa, as sementes estão
sendo distribuídas na comunidade ao preço de 2 reais, gerando
uma economia no custo de produção de 90 mil reais. Sem contar
que as sementes são variedades precoces especialmente
desenvolvidas para o semi-árido pela Embrapa.
Crioula
Ainda dentro do projeto desenvolvido em convênio com o MDA para
o Programa Fome Zero, 20 jovens agricultores foram envolvidos no
levantamento de variedades crioulas de feijão no Ceará. O
trabalho teve coordenação da Embrapa Caprinos e a participação
da Cáritas Diocesana e do Sindicato de Produtores de Tauá. A pé,
de bicicleta e de moto, os jovens saíram pelo sertão do Inhamuns
perguntando o quê e por quê os agricultores escolhiam as
variedades que plantavam e conseguiram relacionar 72 espécies. |