Brazil
May 13, 2025
Quando o assunto é produção e tecnologia de sementes, a UFLA - Universidade Federal de Lavras -, é uma das instituições mais respeitadas do Brasil. Com um histórico de desenvolvimento que remonta à década de 1970, o programa de pós-graduação em Agronomia /Fitotecnia/Produção Vegetal da UFLA tem sido reconhecido em níveis nacional e internacional para a qualificação de profissionais na área de produção e tecnologia de sementes e para a evolução da produção de sementes no país.
O curso de mestrado em Agronomia/Fitotecnia da UFLA foi criado em 1975, impulsionado pela crescente demanda por especialistas na área de sementes. À época, o Brasil passava por um rápido crescimento econômico e investia na organização da produção de sementes por meio do plano nacional de sementes (Planasem). Para dar sustentabilidade ao Planasem, foi desenvolvida a ação governamental para apoiar o plano nacional de sementes (Agiplan), que possibilitou a capacitação de profissionais em níveis nacional e internacional, a criação de laboratórios de controle de qualidade e unidades de beneficiamento e armazenamento de sementes.
Com os impactos positivos do mestrado e a crescente demanda por profissionais altamente qualificados, a UFLA criou, em 1989, o curso de doutorado na mesma área. Entretanto, a estruturação dos cursos enfrentou desafios, especialmente a necessidade de titulação de doutores no exterior ou em outras universidades brasileiras. Para superar esses obstáculos, a UFLA investiu na internacionalização do programa, promovendo intercâmbios e treinamentos de docentes no exterior, além de ofertar cursos internacionais. “O intercâmbio de docentes sempre foi bastante estimulado, seja no aperfeiçoamento por meio de treinamentos realizados no exterior, como na realização de vários cursos internacionais”, observa a doutora Maria Laene Carvalho, docente da Universidade Federal de Lavras (UFLA).
Segundo ela, o primeiro professor a ser capacitado na área de sementes foi José Ferreira da Silveira, treinado na Universidade do Mississippi, que fundou o setor de sementes no Departamento de Agricultura da UFLA. Posteriormente, com a chegada dos professores Maria das Graças Vieira e Antônio Carlos Fraga, o setor cresceu significativamente, tanto em termos de número de discentes quanto na qualidade das pesquisas. “A colaboração de especialistas nas áreas de fitopatologia, fisiologia e Ciência do solo fortaleceram a produção de conhecimento e as parcerias com os setores público e privado. Destaca-se também a participação do Dr. José da Cruz Machado, que impulsionou as pesquisas e a formação de profissionais na área de patologia de sementes”, complementa Maria Laene.
Linhas de pesquisa e estrutura do programa
As principais linhas de pesquisa dos cursos de mestrado e doutorado concentram-se na área de produção e tecnologia de sementes, com foco no desenvolvimento de pesquisas inovadoras nas linhas produção, análise de sementes, incluindo técnicas de alta resolução por imagem, fisiologia de sementes, biotecnologia aplicada ao controle de qualidade de sementes.
Outra linha de pesquisa em destaque é a de pós-colheita, com ênfase em beneficiamento, armazenamento e tratamento de sementes. As disciplinas são organizadas em componentes curriculares obrigatórios e optativos, que abrangem desde fisiologia vegetal avançada e estatística experimental até tópicos especializados em sementes. “Para atender às demandas específicas do setor sementeiro, são ofertadas disciplinas como análise de sementes, beneficiamento e armazenamento, fisiologia, produção, Biotecnologia aplicada em sementes e patologia de sementes”, pontua a professora.
O curso também conta com o Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE), permitindo experiências acadêmicas internacionais aos discentes.
Infraestrutura e parcerias
Atualmente, o Laboratório Central de Pesquisa em Sementes (LCPS) da UFLA é um centro multiusuário e interdisciplinar, vinculado à Escola de Ciências Agrárias de Lavras (ESAL). Com 1.166 m², o LCPS reúne laboratórios de fisiologia, biotecnologia, análise de imagens e estrutura para beneficiamento, secagem, armazenamento e tratamento de sementes. Além disso, conta com um laboratório de análises de sementes credenciado pelo Mapa, anfiteatros e salas de aulas, e diversas estruturas de apoio à pesquisa, como câmaras de germinação, casas de vegetação, e fazendas experimentais.
Entre os equipamentos de destaque estão: câmaras de germinação com controle de termoperíodo e fotoperíodo, espectrofotômetros, germinadores, microscópios, sistema de pcr em tempo real, analisador de imagens Groundeye, Raio x Faxitron, tratadores industriais e secadores de sementes. “Essa infraestrutura atende não apenas aos programas de pós-graduação da UFLA, mas também instituições outras de ensino e empresas públicas e privadas”, acrescenta a professora.
Impacto no mercado e contribuição científica
De acordo com a professora, cerca de 90% dos egressos do programa de pós-graduação em Agronomia/Fitotecnia atuam no setor de sementes, seja em instituições públicas ou privadas. “As pesquisas desenvolvidas na UFLA têm influenciado diretamente a produção e qualidade das sementes no Brasil, com projetos voltados também para novas culturas, como nabo forrageiro, mamona e girassol, além da validação de metodologias de análise que hoje fazem parte das normas oficiais do setor”, avalia Maria Laene.
Cursos e formação contínua
Além do mestrado e doutorado, foi oferecido na UFLA, por meio dos docentes/pesquisadores do setor de sementes, um curso de especialização Lato sensu, entre 2006 e 2014, quando foram formados mais de 300 profissionais. Atualmente, no setor de sementes são ministrados cursos de amostrador e analista de sementes, mantendo o compromisso de atender a demanda e capacitação de profissionais do setor sementeiro.
“Com uma trajetória de quase cinco décadas, a UFLA segue como referência na formação de profissionais e na geração de conhecimento e tecnologias na área de sementes, unindo excelência acadêmica, infraestrutura de ponta e compromisso com a inovação e o desenvolvimento do agronegócio brasileiro”, sintetiza.
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